Hilário Junges começou a trabalhar no Seminário e colheu mil caixas de tomates

Na despedida do prefeito de Tupandi, José Hilário Junges, o Fato Novo reedita a série de matérias do blog Histórias do Vale do Caí, de autoria do jornalista Renato Klein. Em quatro partes pode se conhecer um pouco da história do grande líder que revolucionou a a região, impulsionando o desenvolvimento de Bom Princípio, onde foi o primeiro prefeito, e de Tupandi, sua terra natal em que estava no quarto mandato na Prefeitura quando faleceu ontem, dia 7 de março de 2022, aos 77 anos.

O grande realizador 1

Para se entender o que aconteceu em Tupandi é preciso conhecer um homem que foi o protagonista desta história de sucesso. Seu nome é José Hilário Junges. Foi ele que administrou Tupandi em quase todo o período compreendido desde a sua emancipação até a atualidade e é ele, sem dúvida, o grande estrategista e o grande executor do projeto de desenvolvimento que resultou no fenômeno observado neste município. Hilário foi um homem simples e despreocupado com a sua aparência. Um trabalhador. Ele não teve diploma de curso superior. Nasceu numa família comum do então pobre vilarejo de Tupandi e aprendeu a trabalhar desde pequeno. Aprendeu, também, a lutar pelos seus objetivos.

Hilário nasceu no dia 16 de dezembro de 1944. Naquela época, Tupandi era um distrito de Montenegro e uma localidade pequena e esquecida. Tivera, anteriormente, um certo destaque como núcleo da colonização alemã na região, como centro de extração de madeira (especialmente o loro, de extraordinária qualidade) e, por ser uma sede paroquial comandada por padres jesuítas. Tupandi (que na época era chamada de São Salvador) teve, no início do século XX um hospital e um colégio comandados por religiosos.

Colonizada por descendentes de alemães, a localidade se destacava, naquela época, pela sua forte produção agrícola.

Porém, quando foram construídas as ferrovias e as estradas de rodagem na região, Tupandi ficou fora do traçado das mesmas. A RS-122, rodovia que liga Porto Alegre a Caxias do Sul, passa por São Sebastião do Caí e por Bom Princípio, tendo ajudado no desenvolvimento destas cidades, mas Tupandi ficou à margem deste sopro de desenvolvimento. O mesmo aconteceu com a ferrovia construída para ligar Caxias do Sul a Porto Alegre. Tupandi também ficou fora do seu traçado e passou a ser uma pequena localidade esquecida pelo progresso que animava as localidades situadas junto à ferrovia e à rodovia. Na década de 50, quando Hilário Junges era menino, Tupandi havia se tornado um local quase esquecido e, aparentemente, sem nenhuma perspectiva de desenvolvimento.

No seminário
Os pais de Hilário, Pedro Alfonso e Roselina Junges, eram agricultores humildes e a sua infância foi bastante difícil. Quando Hilário tinha dez anos de idade, seu pai faleceu. Ele era o segundo mais novo entre sete irmãos.

A Igreja Católica, àquela época, que era muito forte e influente na região colonial alemã do Rio Grande do Sul, possuía um grande seminário (escola destinada à formação de sacerdotes) em São Salvador, localidade próxima a Tupandi. Foi ali que Hilário, menino órfão, encontrou a oportunidade de estudar. Por ser pobre, ele trabalhava no próprio seminário para custear os seus estudos.

Depois de concluir o curso primário em Salvador do Sul, ele foi admitido no colégio Cristo Rei, em São Leopoldo, para onde foi com o propósito de tornar-se um irmão jesuíta. Os jesuítas tinham, nestes colégios, granjas com hortas e criações de animais para garantir a alimentação dos padres e dos seus alunos. Hilário trabalhava nestas hortas e no aviário do colégio, aprendendo muito com isto. Os padres jesuítas sempre foram voltados para a cultura e a ciência e detinham conhecimentos de técnica agropecuária que eram muito avançados para a época.

Em 1960, com 16 anos, Hilário concluiu os seus estudos no colégio Cristo Rei e, como era um bom aluno, tinha a oportunidade de continuar estudando no Seminário de Pareci Novo. Mas ele optou por deixar a formação religiosa e dedicar-se à agricultura. Aceitou um convite para cuidar de um aviário pertencente a um rico empresário em Sapucaia. O bom conhecimento sobre avicultura que Hilário havia adquirido com os jesuítas, além das suas qualidades pessoais, estavam lhe garantindo um bom salário, apesar da sua pouca idade.

Hilário passou, no entanto, por uma experiência traumática ao testemunhar um crime envolvendo o filho do empresário que era o seu patrão.

Chocado, ele decidiu voltar para Tupandi. Hilário havia se tornado amigo de um japonês que trabalhava na granja do Colégio Cristo Rei e aprendeu com ele técnicas evoluídas de cultivo de tomates e outros produtos hortifrutigranjeiros. Este japonês, chamado Ioshiro Nakarana, ensinou técnicas de cultivo ao jovem Hilário e até o encaminhou para colocar a sua produção na cooperativa que a colônia japonesa possuía em Porto Alegre.

Logo na sua primeira safra Hilário colheu 1.000 caixas de tomates, obtendo uma boa lucratividade. De 1961 a 1964, ele se dedicou ao cultivo de tomates e outras hortaliças na propriedade da família, em Tupandi, juntamente com seu irmão Roque.

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