O que não percebemos em “O Senhor das Moscas”

A obra “O Senhor das Moscas”, do escritor britânico William Golding, é um dos livros mais notáveis da literatura inglesa e mundial. Especialmente após o período pós-guerra, “O Senhor das Moscas” ganhou visibilidade – que se estende até os dias atuais.

 O livro, que foi publicado em 1954, é uma alegoria da natureza humana que narra o tiranismo e autoritarismo, tendo crianças como personagens principais. Eles são Ralph, Porquinho, Jack, Simon, Roger, Samneric (Sam e Eric; sim, são duas pessoas).

 Tudo se inicia a partir de um acidente aéreo, do qual as crianças caem em uma ilha deserta e precisam lutar por sua sobrevivência. Esse é um ponto chave para comentarmos, pois sabemos que, em determinadas situações – especialmente quando se trata de lutar pela própria vida – o ser humano pode perder o eixo e a noção do certo e errado, tão bem como o sentido da realidade.

 Embora a obra tenha sido adaptada para o cinema em 1963 e, posteriormente, em 1990, a leitura do livro ainda é extremamente importante. Isso ocorre, principalmente, porque as produções cinematográficas não conseguem ser cem por cento fiéis a todos os detalhes explicitados no romance.

 Como comentei, o ser humano, quando sob situações críticas, é capaz de voltar às origens e comportar-se de maneira extremamente selvagem. Sendo assim, William Golding quis mostrar a fragilidade da consciência humana através de sua obra, na qual cada personagem representava um aspecto dos seres humanos.

 Em meio a insegurança se iriam sobreviver ou não, as crianças decidiram escolher um líder para tomar a frente, as quais optaram por Ralph, uma criança forte, corajosa e ágil.

 Todavia, apesar de possuir boas intenções e tentar manter todos unidos, alguns se revoltam com a eleição de Ralph, especialmente Jack, abrindo espaço para a rivalidade e uma oposição autoritarista.

 Jack é um personagem de personalidade forte e que possui um lado totalitário e opressor. Esse personagem já não acreditava que seriam resgatados, e, com suas atitudes violentas e assustadoras, algumas crianças ficam ao lado dele apenas por medo.

 Além do autoritarismo, outro assunto abordado no livro é o bullying. Porquinho, devido sua aparência e problema respiratório (asma), é constantemente alvo de piadas  de um péssimo tratamento por parte das outras crianças, exceto Ralph. Esse, por sua vez, considera Porquinho um ser humano racional e inteligente, e por isso sempre pede a opinião dele ao tomar decisões.

 É possível extrair do livro uma gigantesca semelhança com a realidade e com ideias filosóficas que são debatidas há séculos.

 No livro “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel, há um trecho em que fala o seguinte: “O príncipe não deve se desviar do bem, mas deve estar sempre pronto a fazer o mal, se necessário”. A partir disso, é interessante observar que, novamente, a ideia de que o ser humano pode voltar às suas origens selvagens vem à tona. Esse pensamento está, de certa forma, conectado com Maquiavel.

 Entretanto, é importante analisar o livro também pelo pensamento de Jean-Jacques Rousseau. Segundo Rousseau: “O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se ferros”, o que significa que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe. A partir daí o confronto se torna visível, pois para Maquiavel: “O homem é mau por natureza, a menos que precise ser bom”.

 Para finalizar de uma maneira mais aprofundada, analisa-se a obra “Do Contrato Social”, de Rousseau, onde ele fala sobre a preservação da liberdade, a qual Rousseau considera o bem supremo do homem.

 Entretanto, a questão do autoritarismo é o assunto mais analiticamente tratado no livro “O Senhor das Moscas”, trazendo, por exemplo, a reflexão do medo. Há diversos exemplos na história em que tiranos ganharam apoio por conta do medo que impuseram nas pessoas.

 Vale ressaltar que a obra possui cunho filosófico, político, sociológico, psicológico e literário, logo, essa análise feita aqui foi um mero palpite, inclusive por não ter abordado a história e os personagens de maneira detalhada. 

 A ideia principal é mostrar como é possível relacionar os livros com a realidade, história e com nós mesmos através de diferentes visões e áreas do conhecimento.

Geórgia Eduarda tem apenas 18 anos de idade e já está escrevendo um livro sobre educação e um e-book sobre bolsas integrais para quem deseja cursar a graduação nos Estados Unidos. 

 A jovem ainda foi aceita em um programa do The New York Times e irá passar 6 semanas aprendendo com alguns dos maiores profissionais do mundo.

 Além de compartilhar conhecimento e oportunidades educacionais em seu Instagram (@studiesbygeorgia), ela é fundadora de um grupo de debates online intitulado “Projeto Future Minds”, que já está em sua 2ª edição e  conta com jovens do Brasil e de outros países da América Latina.

 Geórgia também é co-fundadora do Programa Jovens no Exterior, um departamento fundado juntamente com outros 3 jovens em uma escola pública da região metropolitana de Porto Alegre. Na iniciativa, eles auxiliam e orientam semanalmente, de maneira 100% gratuita, estudantes desse colégio a se candidatarem para universidades nos Estados Unidos.

Geórgia E. M. Reis9 Posts

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