Vereadores aprovam por 8 a 1 abertura de processo de impeachment contra a vereadora Camila

Multidão esteve na Câmara pedindo a cassação da vereadora após vídeos divulgados nas redes sociais - Crédito: Guilherme Baptista/FN

A Câmara de Vereadores de Montenegro ficou completamente lotada na noite desta quinta-feira, dia 20. Como o auditório, com capacidade para 70 pessoas, logo lotou, muita gente ficou no hall de entrada, onde foi instalado um telão, e também na parte externa, junto ao cais do porto. Era uma multidão, com cartazes e gritos, pedindo a cassação da vereadora Camila Carolina de Oliveira (Republicanos), em razão de vídeos, considerados ofensivos, divulgados nas redes sociais.

Quando a vereadora Carolina chegou para a sessão ordinária foi alvo de vaias e xingamentos. Ainda na escada chegou a discutir com uma das manifestantes. Já durante a sessão, todos os vereadores lamentaram e criticaram os vídeos gravados no gabinete da vereadora, não só por utilizar as dependências do legislativo com material de campanha eleitoral, mas principalmente pelo conteúdo das letras das músicas de funk, considerado ofensivo as mulheres.

Auditório e hall de entrada da Câmara ficaram lotados, com muitas pessoas segurando cartazes e pedindo a cassação da vereadora Camila Oliveira
– Crédito: Guilherme Baptista/FN

Após ser lidas as seis páginas do requerimento encaminhado pelo PDT, pedindo a abertura do processo de impeachment contra Camila, foi feita a votação. Por 8 votos a 1, sendo apenas a própria Camila contra, foi aprovada a abertura do processo. O presidente da Câmara, vereador Talis Ferreira (PP), não vota este tipo de requerimento, mas também se manifestou na tribuna como favorável a abertura.

Logo depois foram escolhidos os três membros da comissão processante, que terá o vereador Felipe Kinn (MDB) como presidente, Valdeci Alves de Castro (Republicanos) como relator e Ari Müller (PP) como integrante. A comissão tem até 90 dias para concluir os trabalhos, com a vereadora tendo dez dias para apresentar defesa. Neste período também serão tomados depoimentos e analisados materiais. Após o parecer da comissão, o relatório deverá ser votado para decidir se a vereadora Camila terá ou não o seu mandato cassado.

“Brincadeira e desculpas”

Durante o pronunciamento da vereadora Camila na tribuna, o público presente no plenário se posicionou de costas para ela, como forma de protestos. Apenas alguns poucos apoiadores de Camila estavam presentes.

Durante o pronunciamento da vereadora Camila na tribuna, o público ficou de costas em sinal de protesto
– Crédito: Câmara de Vereadores

Camila relatou que recebeu a visita em seu gabinete das duas meninas que aparecem no vídeo. Lamentou as críticas, ameaças e injúrias que recebeu nos últimos dias. Diz que desde que assumiu o mandato como vereadora tem sido vítima de perseguição. Alegou que o vídeo teria sido uma brincadeira, através de uma paródia existente desde 2018. “Existem milhares de vídeos idênticos e com a mesma música circulando nas redes sociais”, afirmou. “Participei do vídeo, mas não sou a compositora da música”, completou, criticando as manifestações da platéia. “Se alguma ofensa pode ser vista nos vídeos, deixo aqui o meu pedido de desculpas, esperando que o bom senso prevaleça sobre o ódio”, concluiu.

Depois de terminada a sessão, que decidiu por abrir o processo de impeachment, a vereadora Camila preferiu não conceder entrevista. Saiu pelo porão da Câmara, cerca de guardas municipais, para não passar em meio as pessoas que protestavam na frente da antiga usina.

Ações do Ministério Público

A promotora de justiça Daniela Tavares da Silva Tobaldini, que responde também pela Promotoria Eleitoral, diz que encaminhou as medidas cabíveis após receber as denúncias. “Em se tratando de eleições em nível nacional, a propaganda, em tese, irregular, já foi encaminhada ao Procurador Regional Eleitoral, para que adote as medidas que lhe cabem”, declarou à promotora. “E requisitamos a apuração de possível crime eleitoral à Polícia Federal, uma vez que possivelmente tenha ocorrido uso indevido de bem publico nas eleições”, afirma. “Também determinei o encaminhamento de cópias do expediente para o Promotor da 2ª Promotoria de Justiça, em virtude de possível infração aos princípios da Administração Pública”, completa a promotora eleitoral Daniela Tobaldini.

Vídeos gravados no gabinete da vereadora Camila Oliveira motivaram denúncias
– Reprodução/FN

O Conselho Tutelar, em razão da participação de duas adolescentes de 16 anos nos vídeos, informou que medidas cabíveis já foram providenciadas, sem informar quais as ações.

 

Link da sessão da Câmara de Vereadores:

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=502300045140821&id=100004229976564

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