Montenegro quer manter Uergs, mas reitor acha difícil

Reunião entre lideranças e reitor ocorreu hoje na Fundarte - Crédito: Guilherme Baptista/FN

O reitor interino da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) participou de uma reunião hoje pela manhã, quinta-feira, dia 10, na Fundarte. No encontro estiveram lideranças como o prefeito Gustavo Zanatta, diretora da Fundarte, Júlia Hummes, presidente da Câmara, Talis Ferreira, mais vereadores, representantes de entidades, professores e alunos. A pauta da reunião foi o anúncio de que a Uergs deixaria Montenegro e o curso de Pedagogia da Arte, que existe faz mais de vinte anos na Fudarte, será transferido para Porto Alegre, nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais e Teatro.

Lideranças acreditam que ainda é possível reverter decisão e manter a Universidade estadual em Montenegro
– Crédito: Guilherme Baptista/FN

Fernando Guaragna escutou as reivindicações em defesa da permanência da Uergs na Cidade das Artes. Ele lembrou que a decisão pela mudança foi por unanimidade pelo Conselho Consultivo da Universidade (Consun), atendendo pedido de professores e alunos, devido à dificuldade de transporte para Montenegro. Alegou que a decisão foi baseada no parecer de uma comissão, após um estudo realizado, passando por todas as instâncias da universidade. E ressaltou que a decisão é muito difícil de ser revertida. Mesmo assim considerou que a reivindicação de Montenegro é justa e legítima. Entretanto, relatou outras dificuldades enfrentadas pela Uergs, como o baixo orçamento e falta de estrutura. Chegou a dizer que inclusive teme pelo fechamento da universidade estadual devido aos escassos recursos. “Tem uma decisão tomada, mas pode ser revista. A comunidade pode se mobilizar, mas acho difícil uma reversão”, completa.

Uergs funciona no prédio da Fundarte faz vinte anos
– Crédito: Guilherme Baptista/FN

Como forma de se adequar as dificuldades financeiras, o reitor cita medidas como a transferência da unidade de Montenegro para as antigas instalações da Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), a qual foi extinta e seu prédio na capital passou para a Uergs. Com isso economiza em pagamento de aluguel entre 500 e 600 mil reais ao ano, feito para Fundarte. No entender da reitoria, em Porto Alegre, com uma estrutura maior e parcerias, poderão ser inclusive criados novos cursos de especialização e pós-graduação. Até a adaptação do novo campus, as aulas de novos alunos devem ocorrer em outros espaços de artes da capital já a partir do próximo ano. Já os alunos que estão estudando em Montenegro poderão concluir o curso no município.

Sem comunicação oficial

A diretora da Fundarte, Júlia Hummes, e o prefeito Gustavo Zanatta, estranharam que a instituição e a Fundarte não tinham sido comunicados oficialmente que a Uergs estaria deixando o município. “Nunca fomos comunicados de nada, sempre ouvimos as especulações pelos outros. A Uergs faz parte de Montenegro, está na Fundarte e lamentamos essa decisão de saída, sem sequer sermos consultados ou comunicados de forma oficial”, disse a diretora. “Em Montenegro a Fundarte oferece toda a estrutura para a Uergs, o quê não ocorre em outras unidades”, diz, estranhando a posição da universidade.

Já o prefeito reforçou que o município assumiu o compromisso de disponibilizar uma área para a construção de um campus em Montenegro, o que nunca foi oficialmente respondido pela Uergs. “Queremos que a Uergs fique em Montenegro. Essa sempre foi nossa vontade e creio que faltou uma comunicação mais clara com as entidades do município”, enfatizou Zanatta. “Estamos em contato com o Governo do Estado para marcar uma reunião”, completou, citando que o município tinha se disposto a oferecer uma área no bairro Panorama, que foi considerada oportuna pela Uergs, enquanto a universidade ficou de elaborar projeto e execução da construção.

O professor da Fundarte e ex-aluno da universidade, Patrick Moraes, lembrou de um dos pilares da criação da Uergs, no começo dos anos 2000. “A Uergs foi criada para descentralizar o acesso ao ensino superior. Não tem sentido levar para Porto Alegre, a dificuldade de transporte só mudaria, penalizando os alunos do interior, como Montenegro e região”, afirmou o professor.

Os vereadores Talis Ferreira e Paulo Azeredo defendem uma maior mobilização da comunidade para mostrar que Montenegro quer a permanência da Uergs. “A forma como está sendo feita a retirada da Uergs não é justa”, entende, defendendo a realização de uma reunião com o governador. Já Azeredo, além de audiência com o Governo, propõe audiência pública na Assembléia Legislativa e ação junto ao Ministério Público. “A Uergs é referência para Montenegro. Temos que reverter essa decisão”, afirma.

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