Coordenador da Funai propõe que índios deixem o bairro Centenário e retornem para reservas indígenas

Coordenador regional da Funai, Aécio Magalhães, falou ao cacique que o local não é adequado, mas os indígenas não querem sair - Crédito: Guilherme Baptista/FN

Uma reunião bastante tensa ocorreu na tarde desta quinta-feira, dia 5, na Estação da Cultura, para tratar da situação dos índios Kaingang que estão desde 2018 numa área do bairro Centenário. Participaram do encontro o prefeito Gustavo Zanatta, vice-prefeito Cristiano Braatz, vereadores, secretários municipais, coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Aécio Galiza Magalhães, indígenas e moradores do bairro Centenário.

Reunião na Estação da Cultura foi bastante tensa
– Crédito: Guilherme Baptista/FN

O coordenador da Funai ressaltou que situação semelhante ocorre em outros municípios, no caso do choque cultural, quando indígenas ocupam áreas da zona urbana. “Nossa finalidade é ouvir as diversas partes envolvidas e chegar a uma solução”, destacou Aécio, informando que esteve na aldeia e verificou que o local não é adequado.

O prefeito Gustavo Zanatta ressaltou que é preciso avançar, pois existe muito atrito. Informou que em Brasília esteve com o presidente nacional da Funai, Marcelo Xavier, explicando a situação e eles propôs a reunião com o coordenador regional. Zanatta informou que a Prefeitura pagou cerca de mil reais de conta de água, já que está sendo fornecida através da rede da creche do bairro Centenário, a qual teve sua construção retomada ao lado do assentamento. Citou ainda a questão da energia, tendo sido feita ligação irregular em poste de luz, além do desmatamento para a construção de novas casas.

Moradores do bairro Centenário denunciam desmatamento, barulho e falta de condições de higiene
– Crédito: Jaime Buttenbender

O presidente da Câmara, vereador Juarez Silva, lembrou que nesta semana que foi encaminhado pelo legislativo municipal um documento ao Ministério Público, pedindo providências por parte do Estado. Frisou que o local não é adequado para o assentamento indígena, por não ter estrutura, principalmente saneamento básico.

O cacique Eliseu Claudino, que estava acompanhado de mais dois índios, disse que está em Montenegro faz três anos e meio e que os Kaingang não pretendem sair. “Não somos invasores. Não fizemos desmatamento. Não somos nós que estamos destruindo o mato”, alega. Sobre a água e a luz, disse que a situação deve ser regularizada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Disse que aceitava a proposta de se mudar para o bairro Zootecnia, numa outra área do Estado. Entretanto, o prefeito Zanatta disse que teve reunião com o Governo do Estado, que não aceita essa troca. “Estaríamos transferindo o problema para outro bairro. Estamos desde janeiro buscando encontrar uma solução”, ressaltou Zanatta.

Prefeito Gustavo Zanatta espera que situação seja resolvida o quanto antes e pediu ao cacique que até lá não venham mais índios
– Crédito: Guilherme Baptista/FN

O coordenador da Funai diz que o esforço será no sentido dos índios retornarem para as suas terras indígenas. Seriam oriundos de reservas na Guarita, em Tenente Portela, e em Nonoai. Se for necessário diz que vai fazer contato com representantes do Governo do Estado, que é o proprietário da área em que os índios estão hoje, por ser no terreno da Escola Estadual AJ Renner.

Os moradores do bairro Centenário esperam por uma solução no impasse. “Começam com som alto já às 5 horas da manhã. E continua de manhã, de tarde e até tarde da noite. Estão queimando pneus, com uma fumaça que invade as casas. Também o cheiro forte, porque não tem banheiros. E mais os ratos, pelo acúmulo de lixo”, se queixa Fernando, que mora nas proximidades.

O cacique Eliseu, que durante os questionamentos ameaçou deixar a reunião e trazer mais índios para a aldeia, diz que os indígenas vão procurar os seus direitos. “Não vamos sair de Montenegro. Nada foi decidido na reunião”, afirmou. Na saída o prefeito Zanatta pediu que, enquanto não fosse tomada uma decisão, que o cacique se comprometesse a não trazer mais índios para Montenegro. Quando os Kaingang chegaram eram 6 famílias e hoje são 33.

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