Zanatta diz que vai mediar mudança da tribo, mas pede que não venham mais índios de outras cidades

Cacique Eliseu disse que índios aceitam sair do bairro Centenário e ir para antiga área da Estação Experimental - Crédito: ACOM/Prefeitura

Acompanhado de secretários municipais, o prefeito Gustavo Zanatta esteve no início da tarde de hoje, sexta-feira, dia 22, na aldeia dos índios Kaingangs no bairro Centenário. O prefeito acompanhou o início da vacinação de indígenas e depois se reuniu com lideranças do assentamento.

Índios receberam vacina contra o coronavírus
– Crédito: ACOM/Prefeitura

A vacinação foi acompanhada de representantes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Conforme a psicóloga Sabrina, a Sesai é responsável por coordenar a política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas.  Ela ressaltou que os índios integram o grupo prioritário para receber a vacina, por serem mais vulneráveis e inclusive a tribo de Montenegro já teve um surto de Covid-19 no ano passado.

 

Remoção dos índios

Encontro entre prefeito e secretários com os índios aconteceu na tarde de hoje no assentamento
– Crédito: Guilherme Baptista/FN

A principal pauta do encontro no assentamento foi a mudança dos índios para um novo local. Zanatta falou ao cacique Eliseu Claudino sobre o interesse em resolver o impasse e ser um mediador nas negociações com o Governo do Estado, que é o proprietário da área onde está o atual assentamento. E o Estado também é o dono da área, no bairro Zootecnia, que é para onde os índios aceitam ser transferidos. Na última terça-feira, o prefeito recebeu um grupo de vizinhos da aldeia, acompanhados do presidente da Câmara Municipal, vereador Juarez Silva, que pediram a remoção dos índios, alegando que existe um conflito de culturas que são incompatíveis no local em termos de convivência na zona urbana, principalmente relacionadas à higiene. A discussão é antiga e vem desde 2018, quando os índios se mudaram para a área perto do Parque Centenário.

De acordo com o cacique, as famílias da tribo estão aumentando e o espaço onde elas se encontram, neste momento, é muito pequeno para comportar a todos. No total, 74 pessoas, de vinte famílias, vivem nas casas de madeira e barracas de lona, a maioria crianças. Eliseu lamenta que a tribo vem recebendo muitas críticas de moradores próximos que não aceitam algumas atitudes de membros do grupo. “Temos respeito pelos nossos vizinhos, mas muitos nos desrespeitam com comentários ofensivos”, enfatiza, sobre críticas nas redes sociais.

Índios podem deixar o bairro Centenário e irem para o Zootecnia
– Crédito: Guilherme Baptista/FN

Gustavo Zanatta destaca que o governo municipal será um mediador dessa situação para que tudo possa caminhar de forma harmoniosa e que ninguém saia insatisfeito. “Vamos buscar a solução para que tudo fique melhor para todos”, salientou prefeito. Já o secretário de habitação, desenvolvimento social e cidadania, Luis Fernando Ferreira, que agendou o encontro e já tinha se reunido com os índios anteriormente, disse que será agendada uma reunião com o Governo do Estado e Funai.

Para Zanatta, o novo local, se for confirmado, será melhor do que o atual. No entanto, alertou que o novo espaço estará preparado para atender apenas aos indígenas que já vivem atualmente em Montenegro. “O planejamento é que o novo espaço atenda as famílias que estão aqui, respeitando o seu crescimento natural. Não será possível receber mais famílias que venham de fora do município”, avisou. Quando estavam inicialmente numa área particular, na margem da RSC 287, no bairro Santo Antônio, eram cerca de seis famílias. Já agora no Centenário estão vinte famílias. A preocupação do prefeito é que, numa área maior, venham ainda mais, o que criaria dificuldades com relação a estrutura, atendimento social e de saúde, além de poder criar nova resistência por parte de moradores

Concordando com o prefeito, o cacique ainda destaca que, neste ano, haverá aulas para as crianças da tribo, com uma professora Kaingang, a partir do dia 27 de fevereiro. Por isso, segundo Eliseu, seria importante que a mudança fosse definida antes do início dos estudos. Os índios também pretendem construir banheiros e casas de alvenaria, mas para isso querem ter a posse da terra documentada. Atualmente utilizam os banheiros da obra da EMEI Centenário, que nos próximos dias deve ter sua construção retomada e por isso o impasse do local do assentamento tem que ser logo resolvido.

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