Vereadora Camila apresenta defesa e comissão decide dar andamento ao processo de impeachment

Defesa alega que vereadora Camila estava internada em Porto Alegre e por isso não prestou depoimento na comissão processante - Crédito: Guilherme Baptista/FN

Na última sexta-feira, dia 4, a Câmara de Vereadores de Montenegro realizou a primeira reunião da comissão processante de impeachment da vereadora Camila Carolina de Oliveira (Republicanos). Na ocasião, a comissão presidida pelo vereador Felipe Kinn (MDB) realizou a leitura do parecer inicial do relator. Por unanimidade entre a comissão processante, foi decidido pelo prosseguimento do processo de cassação.

A vereadora Camila apresentou a sua defesa, dentro do prazo de dez dias. E indicou dez testemunhas para a sua defesa. Ela agora será intimada da decisão da comissão processante, que entendeu pelo prosseguimento do processo de impeachment. Após será intimada da data para a inquirição de testemunhas. A comissão tem 90 dias para concluir os trabalhos, contando desde 20 de outubro, quando foi aprovado pelos vereadores a abertura do processo e Camila foi notificada da decisão. O relator Valdeci Alves de Castro (Republicanos) espera concluir seu relatório antes do final do ano, para que seja votado até o início do recesso de verão. Além de Felipe Kinn e Valdeci, o vereador Ari Müller (PP) também integra a comissão que deve analisar os vídeos, gravados no gabinete da vereadora e que geraram repercussão nacional, além de tomar depoimentos.

Multidão esteve na Câmara em 20 de outubro pedindo a cassação da vereadora após vídeos divulgados nas redes sociais
– Crédito: Guilherme Baptista/FN

Na sessão que decidiu pela abertura do processo, com a presença de uma multidão protestando contra a vereadora Camila, por 8 votos a 1 os vereadores aprovaram por iniciar o processo de cassação. O único voto contrário foi da própria Camila e o presidente da Câmara não vota. O pedido de impeachment foi encaminhado pelo PDT, alegando falta de ética e quebra de decoro parlamentar ao gravar, em seu gabinete na Câmara, vídeos divulgados nas redes sociais, com conteúdo eleitoral e contendo ofensas graves a mulheres que pensam diferente, no caso as de esquerda.

Vídeos gravados no gabinete da vereadora Camila Oliveira motivaram protestos e denúncias
– Reprodução/FN

Representantes de três partidos (MDB, PSB e PTB) também apresentaram denúncia contra a vereadora Camila, que foi encaminhada para a comissão de ética do legislativo. Segundo a denúncia, foi utilizada a estrutura da casa legislativa para a filmagem de propaganda política eleitoral, contendo músicas com expressões de ódio e preconceito. Nos vídeos aparecem imagens do atual presidente Jair Bolsonaro, do qual ela é apoiadora, além da participação de duas jovens, cantando com a parlamentar. Num dos vídeos, as três cantam e dançam ao som de um funk, cuja letra diz: “As mina de direita são as top mais bela, enquanto as de esquerda tem mais pelo que cadela”. Já em outro vídeo cantam: “Ei, petista, pensou que ia escapar? Se liga, vagabundo, tu vai ter que trabalhar”.

Em seu pronunciamento na Câmara, no dia da votação, Camila alegou que recebeu a visita em seu gabinete das duas meninas que aparecem no vídeo. Alegou que o vídeo teria sido uma brincadeira, através de uma paródia existente desde 2018. “Existem milhares de vídeos idênticos e com a mesma música circulando nas redes sociais”, afirmou. “Participei do vídeo, mas não sou a compositora da música”, completou. Desde a sessão, que decidiu por abrir o processo de impeachment, a vereadora Camila preferiu não conceder entrevistas. Ontem a reportagem enviou nova mensagem, para que falasse sobre sua defesa na comissão, mas ela não enviou resposta. Ela também não tem se manifestado na tribuna durante as sessões ordinárias da Câmara nas quintas-feiras. O caso também está sendo apurado pelo Ministério Público, inclusive sendo encaminhado para a Polícia Federal.

A vereadora Camila continua atuando na Câmara. Em caso de cassação, assume o suplente Cristian Souza, também do Republicanos. É o primeiro caso de processo de impeachment contra vereador. Anteriormente Montenegro teve dois prefeitos cassados por impeachment: Paulo Azeredo (2015) e Luiz Américo Alves Aldana (2017).

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