Federação do transporte considera que leilão de rodovias foi um fracasso, mas Governo comemora resultado

Leilão das rodovias do bloco 3, incluindo as do Vale do Caí, ocorreu em abril, com apenas uma empresa participante - Foto: Maurício Tonetto / Palácio Piratini

Para o presidente da Federação das empresas de Logística e Transporte de Cargas do Rio Grande do Sul (Fetransul), o resultado do leilão de concessão das rodovias estaduais foi uma tragédia para o Estado. Na declaração para a coluna de Marta Sfredo, no jornal Zero Hora, Afrânio Kieling fez uma comparação com o pedágio da RS 287, em Santa Maria, no ano passado. Na época, o deságio no valor da tarifa foi de 54%. E num leilão anterior, de rodovias federais, foi de 40%. Com isso reduziram bastante os valores dos pedágios em relação às tarifas máximas propostas. O mesmo não aconteceu agora no leilão de ontem, das rodovias estaduais do bloco 3 do programa Parcerias, envolvendo as principais do Vale do Caí. Kieling ressalta que os novos pedágios serão 95% mais caros do que os leilões anteriores, entendendo que isso é resultado da elaboração de um edital mal concebido.

Em nota, a Fetransul atribuiu o fracasso do leilão de ontem as exigências de garantias desproporcionais ao empreendimento, inibindo a concorrência e colocando em risco a economia gaúcha. Para a Federação, os maiores prejudicados serão os usuários das estradas. E defende que o contrato da concessão não seja assinado, propondo que seja formulado um novo plano de concessão.

Com apenas um grupo concorrendo no leilão de ontem, não houve concorrência e o deságio foi de apenas 1,3%, frustrando as expectativas de redução nas tarifas e gerando ainda mais indignação de lideranças e população das cidades para aonde foram anunciadas novas praças de pedágio. É o caso de São Sebastião do Caí e de Capela de Santana, ambas no Vale do Caí. O prefeito caiense Júlio Campani é um dos mais revoltados e promete seguir na luta para tentar impedir a instalação do pedágio no município. Ele cita que hoje esteve em contato com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Valdeci Oliveira (PT), que marcou para a próxima terça-feira, às 11h45, uma reunião com os líderes partidários do parlamento gaúcho. “Espero que desta reunião possa sair um documento solicitando que o Governo não homologue o resultado do leilão”, diz Campani.

Para o deputado federal Lucas Redecker (PSDB), que já marcou reunião de Campani com o Governo do Estado, outra alternativa é a busca de isenção para os moradores locais, como acontece hoje no pedágio de Portão. “Para não serem onerados nos deslocamentos. Do contrário fica inviável, devido ao grande prejuízo”, entende.

R$ 9,83 em cada sentido

O leilão de ontem definiu o consórcio paranaense Integrasul, formado pelas empresas Silva & Bertoli Empreendimento e Participações Societárias SA e Gregor Participações Ltda, como vencedor do processo de concessão. Com o deságio de apenas 1,3%, para o pedágio previsto para o quilômetro 4 da RS 122, na altura do Areião, em São Sebastião do Caí, a tarifa prevista é de R$ 9,83. E com cobrança nos dois sentidos, sem direito a isenção para moradores locais, tendo apenas desconto para usuários mais freqüentes. Já no pedágio previsto para o quilômetro 30 da RS 240, no Paquete, em Capela de Santana, perto da divisa com Montenegro, a tarifa deverá ser de R$ 7,19. Com as novas praças será desativado o atual pedágio do Portão, onde a tarifa atual é de R$ 6,50 e cobrança num só sentido, além de isenção para moradores locais.

Caienses já se manifestaram contra o pedágio no Areião
– Crédito: Fábio Fuchs Klein/FN

O contrato pode ser assinado já em outubro deste ano, assumindo a empresa que fará a gestão e manutenção das rodovias. E com isso poderá inicialmente fazer a cobrança no atual pedágio de Rincão do Cascalho (Portão), já aumentando as tarifas, até a instalação das duas novas praças em 2023.

Assim como existem desvios atualmente no Portão, uma das alternativas para desviar do pedágio do Areião deverá ser a estrada do Passo da Taquara, entre a RS 122 e a RS 240 em Capela de Santana, que recentemente teve um trecho asfaltado pela Prefeitura do Caí, mas ainda falta uma parte na divisa com o território capelense.

Governo comemora

O Governo do Estado informou que a concessão trará investimento de R$ 3,4 bilhões para o Rio Grande do Sul nos próximos 30 anos. “Esse momento representa a modernização para impulsionar o desenvolvimento econômico que o Estado necessita”, declarou o governador Ranolfo Vieira Júnior. “Essa parceria vai render muitos frutos, especialmente para o cidadão gaúcho, que poderá desfrutar as melhorias que serão feitas nessas rodovias”, completa o secretário de parcerias do Estado, Leonardo Busatto.

Mesmo com o deságio de apenas 1,3% e as críticas pelo alto valor das tarifas, o Governo considera que o resultado do leilão foi muito positivo. Busatto lembrou que é importante considerar que o cenário é desfavorável economicamente, com aumento dos insumos e de instabilidade política. Enfatizando o volume de investimento previstos, de R$ 2,2 bilhões, ressalta que finalmente serão atendidos os anseios e necessidades viárias da região. Informou que o trecho entre São Vendelino e Farroupilha, da RS 122, será um dos primeiros a receber obras de duplicação. Deverão ter ainda outras obras de viadutos, rotatórias, vias marginais, ciclovias e serviços, previstos até o sétimo ano da concessão.

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