Com o fim da cogestão, municípios têm que cumprir bandeira preta

O agravamento do cenário da pandemia no Rio Grande do Sul fez com que o Governo do Estado decretasse a suspensão temporária do sistema de cogestão regional. Isso obriga os municípios a adotar os protocolos da bandeira apontada pelo Distanciamento Controlado a partir do próximo sábado, dia 27. Atualmente todos os municípios do Vale do Caí estão em bandeira preta, de risco altíssimo, mas poderiam adotar protocolos de vermelha. Agora terão que seguir a bandeira preta, sem flexibilização no comércio e serviços, o que aumenta as restrições.

A vigência do mapa será antecipada para sábado, colocando todo o Estado em bandeira preta, nível mais grave do enfrentamento da pandemia. “Tivemos um crescimento muito forte e sem precedentes nas internações em leitos clínicos e de UTI, por isso, é tão importante que alinhemos medidas mais restritivas, e precisamos dos prefeitos agora. Não dá para pagar para ver a partir das medidas já adotadas essa semana. Elas foram importantes, sem dúvida nenhuma, mas precisamos avançar na direção de uma efetiva conscientização coletiva de que não estamos dentro da normalidade. E para dar esse golpe na taxa de contágio, precisamos ser mais restritivos desde já”, anunciou o governador Eduardo Leite durante reunião com prefeitos representantes das 27 associações regionais de municípios.

A decisão pela bandeira preta, que representa risco altíssimo para velocidade de propagação do vírus e esgotamento da capacidade hospitalar, em todas as regiões do Estado é baseada em uma nova salvaguarda devido ao nível crítico de leitos livres e do elevado crescimento na ocupação hospitalar. A nova regra impõe garantia de bandeira preta às 21 regiões quando a razão de leitos livres de UTI sobre leitos ocupados por Covid em UTI estiver menor ou igual a 0,35 a nível estadual.

A maior preocupação é com a falta de leitos em UTIs. No Hospital Montenegro (HM), que é a maior casa de saúde da região, a UTI está lotada de casos confirmados, sem nenhum leito livre, além de dois pacientes aguardando vagas. A mesma situação é registrada em outros grandes hospitais do Estado. “É hora de todo o Estado seguir o mesmo protocolo, em um mesmo sentido”, afirmou Leite em transmissão ao vivo nesta tarde. “As 21 regiões e seus 497 municípios deverão seguir os protocolos de bandeira preta a partir de sábado até, pelo menos, o domingo, dia 7 de março”, completou o governador.

No diálogo virtual, os prefeitos trouxeram algumas sugestões, incluindo mudanças em protocolos. Segundo o governador, as questões serão levadas ao Gabinete de Crise, com possibilidade de divulgar atualizações para a próxima rodada. No entanto, apesar de muitos se manifestarem contra a suspensão da cogestão, o Estado decidiu tomar a medida para fazer valer o alto nível de alerta que os dados científicos apontam.

No final da próxima semana, o governo deverá convocar nova reunião com a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) para avaliar os resultados das ações adotadas até aqui. Além do fim da cogestão, será mantida a suspensão de atividades não essenciais entre 20h e 5h. O Estado suspendeu temporariamente também a Regra 0-0, que permitia que municípios com zero internação e zero óbito nos últimos 14 dias pudessem adotar automaticamente os protocolos da bandeira imediatamente anterior à da sua região.

A secretária da Saúde, Arita Bergmann, reforçou a necessidade de se fazer um “enfrentamento coletivo” à pandemia. “Precisamos fazer uma mudança para evitarmos o pior, que é perder vidas – amigos, familiares, colegas. E isso nos move para fazer o enfrentamento coletivo, com apoio de todos”, afirmou Arita.

A Secretaria da Saúde acionou, nesta quinta, o último nível da fase 4 do Plano de Contingência Hospitalar, montado no início da pandemia. Além da suspensão imediata das cirurgias eletivas (com exceção das cirurgias de urgência ou que representem risco para o paciente), a fase 4 pressupõe a instalação de leitos emergenciais em salas de recuperação e em UTIs intermediárias. Junto à ocupação dessas áreas, devem ser acionadas as equipes técnicas desses setores, especialmente as equipes médicas e de enfermagem. “Esgotamos a possibilidade de buscarmos alternativas para podermos acolher as pessoas, especialmente na questão dos leitos de UTI. Atualmente, 60% dos pacientes que chegam à UTI vão a óbito, e esse número está aumentando. Isso sem considerar que muitos não chegarão aos leitos de UTI porque não teremos leitos de UTI. Já perdemos 12 mil vidas. Se não fizermos nada, chegaremos a 200 óbitos por dia, e a 15 mil óbitos até o dia 15 de março”, alertou a secretária.

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