Médico da Unimed Vale do Caí participa de estudo internacional sobre cirurgia bariátrica e Covid-19

Cirurgião bariátrico, Dr. Cacio R Wietzycoski - Crédito: Unimed

A cirurgia bariátrica e metabólica (CBM) é a intervenção mais eficaz disponível para perda de peso. No entanto, a preocupação de que poderia haver alta morbidade e mortalidade associada ao COVID-19 no perioperatório (período de tempo que vai desde que o cirurgião decide indicar a operação e comunica ao paciente até que este último retorne, depois da alta hospitalar, às atividades normais) levou ao cancelamento de milhões de cirurgias, incluindo procedimentos de CBM. Também existem preocupações de que o tratamento da obesidade, incluindo este tipo de cirurgia, possa ser especialmente esquecida na era de recuperação da COVID-19 devido ao estigma da obesidade e a outras prioridades definidas pelos governos e sociedades.

Isso fez com que os cirurgiões bariátricos e demais entidades ligadas à CBM desenvolvessem recomendações para o tratamento de candidatos à cirurgia no contexto da COVID-19. Mas há uma escassez de dados sobre a segurança deste tipo de procedimento realizado durante a pandemia. Para elucidar muitas dessas dúvidas, foi realizado um estudo de coorte internacional (GENEVA Study) para investigar a morbidade e mortalidade em 30 dias das cirurgias primárias realizadas durante a pandemia, entre 1º de maio e 10 de julho de 2020. O cirurgião bariátrico da Unimed Vale do Caí, Dr. Cacio R Wietzycoski participou do estudo como autor colaborador.

O trabalho avaliou mais de 2.000 pacientes operados de 38 países, incluindo o Brasil. “Participamos deste estudo avaliando os pacientes operados durante a pandemia pelo Centro de Excelência Multiprofissional no Tratamento da Obesidade e Metabolismo (CEMTrOM), no Hospital Unimed Vale do Caí (HUVC) e no Hospital Maicè (Caçador-SC)”, informa Wietzycoski. “Na ocasião, enviamos dados para compor o estudo multicêntrico internacional que acompanhou os pacientes nos primeiros 30 dias de pós-operatório”, complemente. O cirurgião também lembra que os pacientes submetidos a cirurgia bariátrica no CEMTrOM, durante a pandemia, seguem protocolos estritos de segurança, como triagem prévia de sintomas, testagem prévia para COVID-19, orientação para isolamento pré e pós-operatório, uso de equipamentos de proteção e acompanhamento criterioso no pós operatório.

“Os resultados deste nosso estudo são bastante animadores e foram publicados na The Lancet Diabetes & Endocrinology, uma importante revista científica internacional”, destaca. Os dados publicados demonstraram que a cirurgia bariátrica permanece sendo extremamente segura, mesmo realizada durante a pandemia, pois as taxas de complicações foram muito similares às observadas em pacientes operados nos anos anteriores, antes da pandemia. Em 30 dias, 138 complicações foram relatadas (6,8%) em 2.001 pacientes, incluindo dez casos de COVID-19. A maioria das complicações (60,6%) foram leves. Os pacientes que desenvolveram complicações tendem a ser mais velhos e eram fumantes ou ex-fumantes. Menos complicações ocorreram em pacientes que operaram com cirurgiões mais experientes. A taxa de mortalidade da CBM foi de 0,05%, pois um paciente foi a óbito por complicação cirúrgica (fístula), sem nenhuma relação com a COVID-19. Essas taxas de complicações estão de acordo com a literatura prévia, onde a maioria dos estudos mostram complicações de 4 a 8% e mortalidade de 0,01 a 0,1%.

“Portanto, o nosso estudo teve praticamente as mesmas taxas vistas nos períodos prévios à pandemia”, revela Wietzycoski. “Neste grupo de mais de 2.000 pacientes, houve dez casos (0,5%) sintomáticos de COVID-19 diagnosticados durante o seguimento de 30 dias. Dois desses casos foram no Brasil, em outro serviço que também participou do estudo, mas no grupo de pacientes operados pela nossa equipe nenhum deles desenvolveu a doença no pós-operatório e também não apresentaram outro tipo de complicação”, relata. Mesmo os pacientes que tiveram o diagnóstico de COVID-19 no pós operatório de CBM, o curso da doença foi bastante leve. Dos dez, sete não necessitam de tratamento. Nenhum necessitou de cuidados intensivos ou ventilação e nenhum faleceu.

Os responsáveis pelo estudo concluíram que, desde que tomadas as devidas medidas de prevenção e seleção dos pacientes, recomendadas pelas sociedades locais e pelas equipes experimentadas, a cirurgia bariátrica continua sendo extremamente segura. “Por isso, não há motivos para suspender as cirurgias bariátricas durante a pandemia, pois não há risco aumentado para os pacientes operados. Pelo contrário, sabe-se que a obesidade mórbida não tratada traz sim riscos aumentados para as formas graves de COVID-19”, finaliza Wietzycoski.

Fonte: Unimed Vale do Caí

 

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