Operação Falso Patrono combate falsos advogados

Golpe já fez vítimas também no Vale do Caí - Crédito: Polícia Civil

Na manhã desta quarta-feira (02/07), a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos (DRCPE/Dercc), deflagrou a Operação Falso Patrono, com o objetivo de desarticular um grupo criminoso especializado em estelionatos, falsificação de documentos e uso de identidade falsa, voltados à prática do golpe conhecido como “falso advogado”. O golpe já fez vítimas também no Vale do Caí, com criminosos se passando por advogados e cobrando valores para liberação de dinheiro de ações.

Estão sendo cumpridos sete mandados de prisão preventiva e dezoito mandados de busca e apreensão nos estados do Rio Grande do Sul, Ceará, Santa Catarina e Minas Gerais. Até o início da manhã cinco pessoas foram presas. Participam da ação operacional mais de 100 policiais civis dos estados do Rio Grande do Sul, Ceará, Santa Catarina e Minas Gerais.

Um ex-vereador de Porto Alegre, de 66 anos, relatou que foi vítima do golpe, tendo perdido 12 mil reais. Ele disse que não desconfiou porque aguardava o recebimento de uma ação relacionada à aposentadoria, mas acabou sendo enganado pelos golpistas que se passaram como sendo de um escritório de advocacia do qual é cliente. Só dias depois percebeu que tinha caído no golpe.

O Mecanismo do Golpe:
A fraude ocorre por meio de um método que combina engenharia social com o acesso a informações processuais, em sua maioria públicas.

Coleta de informações: Os golpistas monitoram os sistemas dos tribunais para identificar processos judiciais, especialmente aqueles relacionados a precatórios, Requisições de Pequeno Valor (RPVs) ou indenizações. A partir disso, coletam nomes das partes, CPFs, nomes de advogados e números de processos.

Contato persuasivo: De posse desses dados, os criminosos entram em contato com as vítimas, geralmente por WhatsApp ou ligação telefônica, utilizando números desconhecidos. Apresentam-se como advogados, “assessores”, “secretários(as)” de escritórios de advocacia ou até mesmo como supostos funcionários de tribunais.

Falsa promessa: A abordagem é altamente convincente. O golpista informa que determinado valor — como precatórios ou indenizações — foi finalmente liberado. Para conferir veracidade, enviam documentos falsificados com timbres do Poder Judiciário ou de escritórios de advocacia.
Exigência indevida: O ponto central do golpe é a imposição de uma condição para a liberação do dinheiro: a vítima deve pagar “custas processuais”, “impostos” ou “taxas cartorárias” de forma antecipada. O pagamento é solicitado via PIX, geralmente para contas de terceiros (conhecidos como “laranjas”).

Sofisticação: Em alguns casos, os criminosos utilizam chamadas de vídeo, fotos, vídeos e áudios com linguagem jurídica, aumentando a credibilidade da fraude e dificultando a identificação do golpe pelas vítimas.

A Investigação:

Ainda no ano de 2024, diante do elevado número de registros de ocorrência por parte de advogados gaúchos, que relataram a utilização indevida de seus nomes e dados profissionais em abordagens fraudulentas aos seus clientes, a Polícia Civil deu início à investigação, com a instauração de diversos inquéritos policiais.

Na sequência, foram iniciadas diligências com o objetivo de identificar e responsabilizar os autores dos crimes. Foram utilizadas ferramentas tecnológicas de investigação, que permitiram identificar 15 indivíduos no Estado do Ceará, um em Santa Catarina e um em Minas Gerais.

Dentre esses, foram expedidas e estão sendo cumpridas ordens de prisão preventiva contra sete integrantes principais da associação criminosa, todos localizados no Estado do Ceará. O grupo contava com a participação de um homem de 44 anos, natural de Fortaleza, apontado como responsável pela criação de mecanismos para a prática dos crimes, além de exercer controle sobre os ganhos financeiros oriundos da fraude.

Outros integrantes dividiam-se entre as funções de tecnologia, logística, finanças, entre outras áreas de suporte à atividade criminosa. Com a deflagração da operação, a Polícia Civil reafirma o compromisso com a condução de investigações criminais qualificadas, especialmente aquelas em que haja indícios da atuação de organizações criminosas estruturadas, visando à responsabilização penal de todos os envolvidos e à repressão proporcional da atividade delituosa.

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