Henrique Roehe

Heinrich Harry Roehe, pai de Henrique Roehe, foi o primeiro professor público do município de Dois Irmãos Reprodução/FN

Embora ainda muito jovem, Felipe Kuhn Braun já demonstra extraordinário conhecimento sobre a história da colonização alemã no Rio Grande do Sul. No seu blog e em artigos de jornal (especialmente o NH), ele vem divulgando suas pesquisas e trazendo ao conhecimento público informações inéditas e importantes. O seu trabalho nos permite conhecer, e compreender, melhor como transcorreu a história dos alemães que imigraram para o Rio Grande do Sul.

“No ano de 1864 nascia no município de Dois Irmãos uma pessoa que viria a se tornar uma figura histórica para o município de Bom Princípio: Henrique Roehe, um nome até hoje pouco conhecido pelos bom principienses.

A história da família de Henrique, os Roehe, começa com a chegada de seu pai Heinrich Harry ao Brasil no ano de 1851. A história dos Roehe brasileiros está ligada ao desenvolvimento cultural e econômico do Estado. O imigrante Heinrich Harry Roehe era natural de Rendsburg, no norte da Alemanha. Seu pai foi pastor protestante e pode proporcionar aos filhos bons estudos.

O imigrante veio para o Brasil com os Brummer, grupo de 1.800 soldados contratados pelo imperador para integrarem ao exército brasileiro e lutarem em uma guerra que nosso país tinha com a Argentina. Roehe também foi Brummer, mas ao chegar ao Brasil, largou o exército e se instalou em Porto Alegre. Anos depois fixou residência em Dois Irmãos. Como Roehe tinha formação superior, foi professor no município. Roehe também foi músico, violinista e diretor da sociedade de canto de Dois Irmãos. O imigrante se orgulhava de suas origens e de sua formação, também de ter sido militar, tanto que guardava sua farda com muito cuidado. Foi Heinrich Harry Roehe que preparou os discursos festivos em Dois Irmãos em homenagem a unificação da Alemanha no ano de 1871.

Primeiro escrivão de Bom Princípio

O imigrante Heinrich Harry Roehe foi um líder de sua comunidade e muitas das cartas e documentos que ele escreveu e trouxe da Alemanha, ainda são preservadas pelos seus descendentes. Roehe rompeu tradições da sua época, ao se instalar em Porto Alegre trocou de religião e se casou com uma paulista residente na capital, Maria Gonçalves Trindade, descendente de portugueses. Maria tinha mais de trinta anos quando casou e demorou muitos anos até ter um filho, algo raro para a época. O primeiro filho do casal Roehe nasceu somente oito anos depois do casamento, o menino saudável, batizado pelo padre polonês Agostinho Lipinski passaria a se chamar Henrique.

Maria passou muito mal e veio a falecer dez dias depois do nascimento de Henrique. O pai tinha muitos compromissos e pediu para que sua vizinha Barbara, uma bela jovem de 17 anos cuidasse de Henrique. Cinco meses se passaram e Heinrich Harry casou com Maria Marbara Doehren. A moça que cuidou de Henrique virou sua madrasta. Junto com Barbara, o imigrante Roehe teve mais nove filhos, sete dos quais, chegaram a fase adulta. Como Barbara não fazia distinção entre seus sete filhos e seu enteado, ela e seu marido combinaram de jamais contar a Henrique que ela não era sua mãe. Acontece que pouco depois de Henrique completar seus 21 anos, ele soube por meio de outras pessoas que sua mãe havia falecido jovem e que Barbara era sua madrasta.

Como uma forma de recompensar o filho pelos sofrimentos e de também proporcionar a ele melhores oportunidades, Heinrich Harry pagou a Henrique o curso de Direito. Cursar Direito na segunda metade do século passado exigia muitos recursos e grandes desafios. No Rio Grande do Sul não havia Universidades na época. Henrique foi a São Paulo e ficou hospedado com seus parentes paulistas. Depois de alguns anos ele voltaria para o sul e se instalaria em Bom Princípio onde se tornaria o primeiro escrivão da localidade no ano de 1889. Henrique se casou com uma neta do fundador de Bom Princípio, Maria Schneider e com ela teve oito filhos.

Advogado, escrivão, maçom e homeopata

Henrique tinha paixão pelas plantas, nos tempos livres se dedicava a estudá-las. Em uma época em que havia esparsos recursos na medicina eram as parteiras, os homeopatas e os religiosos as pessoas procuradas pela comunidade em casos de doenças. Henrique além de ser advogado e escrivão, foi o primeiro médico homeopata de Bom Princípio, por anos Henrique foi procurado pelos Bom Principienses, o sótão de sua casa era repleto de livros sobre a cura através das plantas, como relembra uma de suas netas, Lourdes Heck Steffens de 81 anos, moradora de Novo Hamburgo.

No final dos anos de 1890 Roehe entrou para a maçonaria de São Sebastião do Caí. Infelizmente no ano de 1912 a esposa de Henrique, Maria faleceu jovem, com 42 anos. Maria faleceu de hidropisia, doença muito conhecida antigamente, “causada por distúrbios na circulação do sangue, gera acumulação de líquido aquoso nas cavidades do corpo”. Com o falecimento de sua esposa, Henrique transferiu sua residência para o município de Montenegro, na época uma de suas filhas mais velhas, Emília Catarina, já havia se casado com Jacob Aloísio Heck e não transferiu residência com o pai. Em Montenegro Henrique tinha um maior campo para trabalho, ali Roehe atuava em causas de pequenas e grandes empresas montenegrinas segundo nos conta seu neto Henrique Harry Roehe de 80 anos, residente em Montenegro. Henrique faleceu no ano de 1917 da mesma doença que vitimou sua esposa, cinco anos antes. Foi enterrado no município de Montenegro. Deixou sete filhos e 42 netos. Os descendentes de Roehe podem se sentir honrados em ter um antepassado que foi tão importante para a região. Faleceu jovem aos 53 anos, porém, em pouco mais de cinco décadas foi advogado, escrivão, maçom e médico homeopata. Foi um intelectual para a sua época.

 

Renato Klein113 Posts

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