Uma vitória histórica da mobilização local

Oscar Bessi

A permanência da escola da Brigada Militar em Montenegro foi uma vitória da mobilização local. Tudo começou no início de dezembro, quando eu e Josi fomos avisados de que um projeto de lei terminando com a escola havia entrado na Assembleia. Estranhamos, pois algo tão importante para a comunidade era tratado assim, de forma sorrateira, silenciosa, sem avisar ninguém. E tomando uma decisão drástica. Fomos ler o documento e vimos que era verdade. Não só terminava com a escola, como varria Montenegro dos centros de treinamentos previstos no RS pela Brigada e transferia o efetivo daqui para o quadro de Porto Alegre. Nem os servidores sabiam que suas vidas estavam sendo alteradas.

Fomos entender melhor a situação. Enviamos à imprensa, e o primeiro acolhimento fervoroso foi aqui, no Fato Novo. Josi arregaçou as mangas e passou a avisar, conversar, convencer e pedir o apoio de todas as lideranças políticas possíveis, da região e da capital. Foi conversar com todos os deputados, do partido dela – que é vereadora em Montenegro – e dos demais partidos. Nossa casa virou uma trincheira na batalha pelo esclarecimento da questão. E as adesões tanto políticas como da comunidade, de Montenegro e região, foram unânimes e imediatas. Prefeito e vice da cidade compraram a briga como se fosse sua. ACI, OAB, Sindilojas, os CTGs, muita gente de mobilizou. Mas não pensem que foi fácil convencer deputados estaduais: boa parte deles não demonstrou muito interesse e a maioria nem tinha lido o texto legal que precisava votar. Houve até deboche: “mas a Brigada já não ganhou os três cargos de coronel, o que querem mais?”.

De fato, era o projeto de reestruturação da Brigada Militar como um todo, no estado. Se é bom ou ruim, isto é a instituição que deve saber, através de seus estudos estratégicos. O que não fazia sentido era o fechamento da escola de Montenegro, a maior, melhor e mais antiga do estado. Por estar na beira do rio e vez ou outra sofrer com enchente? Não é a única. E os japoneses têm suas escolas prontas para enfrentar terremotos, tsunamis e furacões, dariam risadas no gestor brasileiro que acha enchente um problema que não se resolve. O Comandante geral, Coronel Feoli, conversou comigo no domingo e me disse que não era ideia fechar a escola. Eu contrapus: o texto do projeto de lei era bem claro neste ponto. Humildemente ele admitiu a redação errada do projeto e, numa reunião na Casa Civil com ele, governo, Josi, Prefeito Zanatta e deputados, foi batido o martelo: o texto seria modificado e ninguém fecharia a escola.

Foi uma vitória histórica da nossa comunidade. Não temos um parlamentar e tivemos que enfrentar, no início, esta ausência de voz. Mas todas as nossas vozes daqui se uniram à Josi, ao prefeito e nossa imprensa e fizemos a Assembleia Legislativa tremer. Quem nem sabia o que estava acontecendo se viu obrigado a ler, entender e no final até discursou a nosso favor. Foi uma vitória maiúscula, repito. “Ah, mas mudou o nome, não gostei, estou desconfiado”, dirá alguém que não acompanhou o processo e nem ajudou em nada. Bom, o nome não nos interessa. Sabemos que o número de alunos em formação em Montenegro depende de gestão de estado e do comando da BM. Não há muitos anos, esta escola chegou a ficar meia década vazia. Então, que se chame de centro de treinamento ou de escola, ou do que quiserem. O que não podem é fechar. Muito menos transferir nossos guerreiros batalhadores daquela unidade pra fazer número na capital. E isto nós conseguimos. Vida longa à Lendária!

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