O que os moradores do Areião pensam sobre o pedágio perto de suas casas e empresas?
Uma praça de pedágio perto de casa ou da empresa em que trabalham. Quais os prejuízos para os moradores e empresários do bairro Areião, em São Sebastião do Caí, com a instalação prevista de uma praça na altura do quilômetro 4 da RS 122? Foi o que a reportagem buscou saber indo ao local nesta última semana. E também os próximos passos do prefeito caiense Júlio Campani, que segue na luta por isenção para os veículos emplacados no Caí.
“Ninguém é a favor desse pedágio”, diz Emerson Merencia, que mora no Areião, onde é proprietário de uma fábrica de vasos e formas justamente no KM 4. Mesmo que os motoristas reduzam a velocidade no pedágio, o quê pode atrair mais compradores de vasos, ele calcula que só em tarifas vai gastar mais de 100 reais por dia. “A tarifa é muito alta. Vou mais de uma vez para o centro do Caí todo dia”, projeta, lembrando que no novo pedágio a cobrança ocorre nos dois sentidos.
Do outro lado da rodovia, Amarildo Rodrigues da Silva tem a mesma preocupação. “Estou pensando em ir embora para Santa Catarina. O pedágio vai ser o caos aqui, E terá que pagar duas vezes, na ida e na volta. Então iremos para o Portão e não mais para o comércio do Caí”, afirma.
A mãe de Amarildo, dona Schirlei Conceição Rodrigues, também reclama. “Moro aqui faz 78 anos. Será péssimo. As pessoas têm que sair para trabalhar e vão gastar tudo em pedágio”, declara, citando que a revolta é grande de todos os moradores e empresários da região do Areião.
Pedido de isenção
O prefeito do Caí, Júlio Campani, diz que nesta última semana recebeu o CEO da empresa Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), que venceu o leilão de concessão do bloco 3 e desde fevereiro assumiu as rodovias estaduais em lugar da EGR. “Pediram autorização para continuarem a prospecção de dados dos moradores do entorno do quilômetro 4. Não autorizei que isso seja feito porque estou na iminência de ser chamado pelo Governo do Estado para que apresente uma alternativa. Liguei para o diretor da Secretaria de Parcerias e Concessões do Estado, que confirmou que depois do carnaval devem me chamar para conversar porque já estão elaborando uma proposta que será apresentada ao governador”, informa.
Campani também está acompanhando a situação de Portão, onde o município ingressou na Justiça para tentar manter a isenção aos moradores locais, a qual foi suspensa agora em fevereiro. Caso a isenção para veículos emplacados no Portão fosse mantida, poderia beneficiar também os moradores do Caí e Capela, onde também está previsto um novo pedágio na altura do quilômetro 30 da RS 240, na localidade de Paquete, perto da divisa com Montenegro. Como isso não aconteceu até o momento, aumenta a preocupação. Campani lembra que, ainda no ano passado, durante a campanha eleitoral, o Governo prometeu alternativas, como isenção ou mudança de local da praça. O prefeito caiense espera que seja mantida o compromisso firmado nas reuniões com o Estado. Caso isso não aconteça, já declarou que vai buscar o caminho jurídico e investir em melhorias em desvios.
A preocupação da comunidade caiense e da região cresceu com o aumento de 83% nas tarifas do pedágio de Portão, quando iniciou a concessão e a CSG assumiu as rodovias do bloco 3. Em questão de um ano está prevista a desativação da praça de Portão e a instalação dos novos pedágios no Caí e na Capela. “Acredito em uma resposta positiva até o final deste mês de fevereiro. Caso isso não ocorra, buscaremos todas as medidas jurídicas possíveis para impedir a instalação”, declarou Campani.
Com o aumento, a tarifa para automóveis, no pedágio de Portão, passou de R$ 6,50 para R$ 11,90. Motos passaram a pagar 6 reais. Caminhões, dependendo do número de eixos, fica entre R$ 23,80 (dois eixos) e R$ 71,40 (seis eixos). Com o aumento, cresceu muito o movimento no desvio, chegando a gerar congestionamento. O prefeito de Portão, Kiko Hoff, anunciou que vai asfaltar todo o desvio entre a RS 240 e RS 122, mas a obra só deve ser concluída pela metade do ano.
O Governo alega que somente com a concessão poderão ser realizados os investimentos necessários na melhoria das rodovias, já que o Estado não dispõe de recursos para executar as obras. Além de melhorias na pavimentação, também devem ser construídas passarelas, viadutos, duplicações de pista, terceiras faixas, ciclovias, acessos, sinalização e iluminação, mais a oferta de serviços como de guincho e ambulância. Isso deve ocorrer de forma gradativa, iniciando com pequenos reparos, começo da recuperação em 2024 e obras maiores a partir de 2025. O contrato de concessão é de 30 anos, com previsão de investimentos de R$ 2,2 bilhões nos sete primeiros anos e devendo totalizar R$ 3,4 bilhões até o final, em 271,5 quilômetros de rodovias estaduais concedidas.
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