No dia 12 de setembro de 2008, o Caí foi atingido pelo pior temporal de que se teve notícia em toda a sua história. Ele atingiu a cidade em cheio. Começando por volta de quatro e 50 da tarde da quarta-feira, ele apresentou – além do vento muito forte – chuva torrencial e uma excepcional precipitação de granizo.
Pessoas idosas comentaram nunca ter visto algo igual. A chuva, dava a impressão de que não caía em pingos, mas que jorrava, como se fosse jogada de balde. E o granizo, caindo sobre as ruas da cidade, se acumulava nas sarjetas em quantidade nunca vista.
Pouco antes da chuva desabar, o céu havia ficado negro, de forma intensa e repentina. O dia tornou-se noite, antes das cinco horas da tarde.
Os momentos seguintes foram de terror para muitas pessoas. Várias casas foram destelhadas e a chuva, inclusive com pedras, passou a cair diretamente sobre salas e quartos. Pessoas se abrigaram debaixo de mesas para não serem atingidas pelas pedras.
Muitas árvores tombaram e várias delas caíram sobre casas e automóveis. Poucas casas ficaram ilesas, sendo – no mínimo – invadidas pela água da chuva que, empurrada violentamente pelo vento, encontrava meio de penetrar por qualquer fenda ou abertura.
A prefeitura municipal foi de tal modo inundada que teve de cessar suas atividades e ainda no dia seguinte estava interditada. Os computadores deixaram de funcionar.
Pior ainda aconteceu na igreja católica. O vento penetrou por baixo do telhado (através de aberturas existentes na torre) e levantou boa parte do telhado metálico.
Muitos Prejuízos
O novo Supermercado Flach no Caí sofreu grande prejuízo com o tornado: as calhas não deram conta do fluxo de água derramada no temporal, que invadiu o mercado. A grande placa de identificação do supermercado foi jogada no meio da avenida Egydio Michaelsen.
Nos jardins das residências, muitas plantas foram destruídas pela chuva intensa e pelo granizo. Mas o pior aconteceu com produtores rurais, cujas plantações foram também dizimadas. O prejuízo foi particularmente grande nas plantações feitas em estufas. Milhões de mudas de cítricos, flores, eucalipto, acácia e outras espécies foram perdidas.
Muitos postes de energia elétrica tombaram e árvores caíram sobre os fios de energia. Com isto faltou luz na maior parte da cidade, inclusive no centro, por muitas horas Várias equipes de técnicos foram deslocados pela AES Sul. Mas, como eram centenas de consertos a serem feitos na rede, em alguns lugares levou mais do que dois dias para que a energia fosse reestabelecida.
A distribuidora de energia elétrica AES Sul informou que, mesmo com o trabalho de 52 equipes, no final do dia de ontem (48 horas após o temporal), ainda 3.615 clientes da região estavam sem fornecimento de energia (entre residências e empresas). Destes, 283 eram de Montenegro, 280 de Bom Princípio, 248 de Harmonia, 171 de São José do Sul e também 171 do Caí.
O prefeito de Pareci Novo, Oregino Francisco, estava em São Paulo quando aconteceu o tornado, que pegou de cheio a sua casa, na localidade de Despique. Sua esposa e filhos tiveram de refugiar-se na casa de parentes. Ele mesmo, ao retornar, na noite de quinta-feira, foi dormir na casa de sua mãe, em Brochier. Sua casa foi destelhada e invadida pela água da chuva.
A garagem da casa do pai de Oregino (ao lado da sua) foi destruída e o telhado de zinco desapareceu. Ele foi procurado num raio de um quilômetro e não foi encontrado.
No Despique, o tornado ficou bem caracterizado pelas árvores que ficaram retorcidas e pelo rastro de destruição deixado pelo redemoinho de vento.
Nos vizinhos municípios de Harmonia e São José do Sul os danos também foram enormes.
Felizmente, apesar de tudo, não se teve notícia de mortes ou ferimentos graves em decorrência do acontecido. Foi muita sorte.
- Matéria publicada no Fato Novo em setembro de 2008
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