Organizadores de excursão frustrada para Santa Catarina terão de vender carro da família para pagar prejuízo
Passam de 100 mil reais os gastos com a excursão do Vale do Caí para o litoral catarinense que foi frustrada pelo fato da pousada reservada ainda estar em obras em Itapema e não ter sido possível ficar nos cinco dias que estavam programados. O grupo, de 70 pessoas, saiu de Bom Princípio no dia 28 de dezembro, quinta-feira passada, com a previsão de passar o Réveillon e retornar nesta segunda-feira, 1º de janeiro. Estava tudo programado, reservado e pago desde março. Só que quando os dois ônibus chegaram ao destino veio à decepção das famílias de Bom Princípio, Feliz, Harmonia, Vale Real e Teutônia, que integram o grupo. O prédio da pousada reservada está ainda em construção, sem condições de hospedagem.
“Só queremos o que é nosso: o dinheiro de volta para pagar as pessoas e as indenizações por todos os transtornos que passamos”, dizem os organizadores, que trabalham com excursões há 16 anos. O pacote, para os passageiros, inclui não só a pousada, mas também ônibus, alimentação (café, almoço e janta) e até um gaiteiro para animar a viagem. Lembram que já tinham alugado, da mesma proprietária, outro imóvel, no ano passado, e foi tudo bem. Por isso, já tinham renovado o contrato com a garantia de que seria em uma pousada nova, ampla e confortável. Os participantes da excursão pagaram de forma parcelada, cerca de 1.600 reais, ao longo do ano. “No contrato constava que a nova unidade estava em obras, mas com a garantia que teriam as suítes prontas, com banheiro, ar-condicionado e frigobar”, recordam. Em novembro o casal de organizadores foi até Itapema para conferir a situação da pousada, tendo a garantia que estaria tudo pronto até a excursão, inclusive com grupos se hospedando no local antes dos turistas do Vale do Caí. “Estávamos tranquilos”, dizem, acreditando na palavra da proprietária.
Quando estavam chegando a Itapema, por volta de 5h, tendo rodado cerca de 600 quilômetros, a organizadora diz que recebeu uma ligação da proprietária da pousada dizendo para irem ao mesmo imóvel do ano anterior, alegando que ainda estaria faltando instalar ar-condicionado nos quartos e terminar o jardim. Ao passar pela pousada do ano anterior viram que ela já estava ocupada. E ao chegar à nova se depararam com tudo inacabado. “Foi um choque. Desesperador”, relatam, descrevendo que o piso não estava pronto, assim como paredes e teto, faltando inclusive à escada para o segundo piso. Foi feito um boletim de ocorrência na Polícia Militar e contato com o Procon, sendo orientados a ingressar com ação judicial para buscar o ressarcimento do valor gasto, já que o dinheiro não foi devolvido pela dona.
A proprietária estava no local e conversaram com ela. Como não tinha condições de ficar lá, começaram a fazer contatos para tentar outro local. Só que nesta época está tudo lotado. Decidiram então retornar, mas conseguiram outro local, na Praia de Ferrugem, em Garopaba, também no litoral de Santa Catarina. Era uma pousada maior, onde tinham mais hóspedes, sem a mesma tranquilidade. A empresa de ônibus contratada levou os turistas ao novo local em que passaram o Réveillon. Para as novas acomodações cada passageiro teve que pagar mais 200 reais e os organizadores da excursão custeou o restante. Citam que vão vender o carro da família, que usam para trabalhar, para arcar com o prejuízo, mas esperam conseguir o ressarcimento na Justiça. “Meu pai é pedreiro e minha mãe vendedora numa loja. São pessoas simples, que trabalharam sempre durante suas férias e acabam passando por isso, lamentou a filha, Laís Leichtweis, de 21 anos.
Os organizadores conseguiram realocar o grupo da próxima excursão, dos próximos dias, com mais 70 pessoas, que iria para o mesmo local. A pousada será em Balneário Camboriú e não mais em Itapema. E esperam nunca mais passar por uma situação semelhante. O caso ganhou grande repercussão e o casal está recebendo a solidariedade e compreensão, seguindo com o trabalho, já que tem grande credibilidade.
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