Após seis feminicídios no mesmo dia, Polícia vai facilitar pedidos de medidas protetivas

Depois de seis mortes por feminicídio no mesmo dia no Estado, todas ocorridas no feriado de sexta-feira santa, incluindo um duplo homicídio em Feliz, a Polícia Civil gaúcha decidiu permitir que pedidos de medidas protetivas de urgência sejam feitos pela internet. O objetivo é de facilitar o acesso das vítimas de violência doméstica, visando impedir a aproximação dos agressores.
Através das medidas protetivas, os suspeitos devem manter distância das vítimas e filhos. Se não for cumprida a determinação, o indivíduo deve ser preso. Conforme o Chefe de Polícia do Rio Grande do Sul, Fernando Sodré, na última semana já tinha sido realizada uma reunião para tratar do assunto e agora em razão do aumento das mortes de mulheres a medida foi antecipada. No caso do assassinato em Feliz e de outras cinco mulheres, nenhuma tinha medida protetiva. Muitas mulheres, por medo de represálias, acabam não indo na Delegacia denunciar a violência. Provavelmente a partir desta terça-feira, dia 22, essa denúncia poderá ocorrer de forma online, visando agilizar a concessão das medidas protetivas. A plataforma deve envolver também Judiciário e Ministério Público, após registro no site da Delegacia de Polícia Online da Mulher
“Infelizmente eles acham que podem dispor da vida das mulheres. Se acham proprietários”, lamenta a delegada Cleusa Spinato, titular da Delegacia de Atendimento a Mulher (DEAM) do Vale do Caí, com sede em Montenegro. “São casos ligados a um sentimento de posse, de não aceitar que a mulher tenha outro parceiro”, cita Fernando Sodré. Em Feliz, Raíssa Müller, de 21 anos, foi morta a facadas junto com o namorado Eric Richard de Oliveira Turato, de 24 anos. O acusado, ex-namorado dela teria visto uma publicação do casal em uma rede social, invadido a casa em Arroio Feliz e cometido o crime. Vinicius Britz, de 27 anos, foi internado em estado grave em Caxias do Sul, sob custódia da Polícia, já que está com prisão decretada. No mesmo dia uma mulher grávida foi morta em Parobé, outra de 47 anos em São Gabriel, além de uma técnica em enfermagem de 50 anos em Viamão, mais uma vítima de 54 anos em Bento Gonçalves e de 49 anos em Santa Cruz do Sul. Todos os suspeitos foram companheiros das vítimas.
Para esta semana está marcado o júri popular de um caso de feminicídio de grande repercussão, ocorrido em Montenegro em janeiro do ano passado, da morte da personal trainer Débora Michels Rodrigues da Silva, a “Debby”, de 30 anos. O companheiro da vítima, Alexsandro Alves Gunsch, 48 anos, após o crime na moradia do casal na localidade de Vendinha, deixou o corpo dela na calçada em frente a casa dos pais, no bairro Centenário. Ele está preso e o julgamento está confirmado para a próxima sexta-feira, a partir das 8h da manhã.
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