UTI do HM volta a ficar lotada e pacientes com coronavírus têm média de 25 dias de internação

Maioria dos pacientes intubados na UTI são mais jovens que no início da pandemia - Crédito: Douglas Costa

Após chegar a ter uma taxa de ocupação de 140% na UTI até a metade de abril, ainda no final do mês passado o índice baixou pela metade. Só que a ocupação voltou a subir na unidade de terapia intensiva do Hospital Montenegro e nesta quinta-feira, dia 20, mesmo tendo passado de 10 para 20 leitos, todos estão ocupados. Portanto, a taxa de ocupação hoje, na UTI do maior hospital da região e único que atende 100% SUS, é de 100%. Pior do que isso é que voltou a ter paciente aguardando leito na UTI.

Ocupação da UTI voltou a aumentar nos últimos dias e taxa chega a 100%
– Crédito: Douglas Costa

Nos vinte leitos de UTI, 12 são ocupados por pacientes de casos confirmados de coronavírus e mais um suspeitos, enquanto os sete demais não tem Covid-19. Isso comprova um agravamento da pandemia nos últimos dias, pelo menos no que se refere aos casos mais graves. Dos vinte respiradores da UTI, 17 estão ocupados, ou seja, 85%.

O governo do Estado alerta sobre o agravamento da pandemia na maior parte do Rio Grande do Sul nos últimos dias. Inclusive foram emitidos alertas para algumas regiões sob alto risco. Isso eleva o temor, entre especialistas em saúde, de que ocorra um quarto ciclo de crescimento da pandemia.

Mais jovens e mais tempo na UTI

Enfermeiros Diogo e Zilmara: UTI está com pacientes mais jovens, que ficam bastante tempo internados
– Crédito: Guilherme Baptista/FN

Em relação ao ano passado, chama a atenção que a maioria dos pacientes internados na UTI agora são mais jovens e muitos sem comorbidades. Com o avanço da vacinação entre os idosos e pessoas com doenças crônicas, baixou a faixa etária da maior parte das vítimas da Covid-19. O número de óbitos diminuiu, pois os mais jovens, entre 40 e 60 anos, são mais resistentes, mas ficam mais tempo internados. E com o tempo de intubação e complicações do vírus, muitos ficam com sequelas, necessitando a continuação do tratamento mesmo após terem alta hospitalar. Conforme o enfermeiro Diogo Bonini, do Controle de Infecções do HM, o tempo médio de internação na UTI tem sido de cerca de 25 dias. “A situação é preocupante. Estamos recebendo muitos pacientes graves, que ficam muito tempo internados”, diz, temendo que com o relaxamento e diminuição das restrições tenha um agravamento ainda maior. Além disso, lembra que com a chegada do frio aumentam as internações por outras doenças.

A enfermeira Zulmara Fruet, da UTI do HM, diz que o vírus está mais agressivo. “A gente vive com os pacientes como se fosse um familiar. Como não podem receber visitas, nos tornamos pessoa da família, sofrendo junto”, conta, citando que os enfermeiros procuram colocar os pacientes em contato com os parentes através de telefonemas e videochamadas. “A gente fica bastante abalado com a situação. Nós também temos família. Tivemos colegas que também foram contaminados. Aumentou o trabalho e o desgaste é muito grande”, completa. São vários momentos de emoção, tanto quando ocorrem óbitos como quando os pacientes se recuperam. “Se a gente for pensar no que acontece todo dia, o emocional fica muto abalado”, afirma Diogo. “Ninguém está preparado para isso. Tem momentos muito ruins. A gente achou que ia ser um mês ou dois e já vai mais de um ano. E nunca sabemos o que vai acontecer no dia de amanhã. A população precisa entender que ainda a situação é muito crítica”, conclui.

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