Morte de menino: Câmara teve pedidos de CPI, de ação no MP e por melhorias na saúde

Situação da saúde foi o principal tema discutido pelos vereadores na última sessão - Crédito: Câmara de Vereadores

A noite da última quinta-feira, dia 28, iniciou de forma festiva na Câmara de Vereadores.

Primeiro teve sessão solene para a entrega do título de cidadão montenegrino para Aldrovando Lerias Araújo, de 94 anos. Foi um momento de emoção, principalmente para familiares do engenheiro.

Na sequência teve tribuna livre e divulgação da 1ª Festa das Artes e da Citricultura – a Fenacitrus, que inicia neste domingo, dia 1º, e vai ocorrer ao longo de todo o mês de maio, com diversas atividades, em diferentes locais.

Além dos vereadores, o prefeito Gustavo Zanatta e o vice Cristiano Braatz também estavam presentes na Câmara.

Em seguida iniciou a sessão ordinária. Tinha apenas um projeto para ser votado, de autoria do Executivo, que concede redução de Imposto sobre serviços (ISS) de 3,5% para 2,5% para a empresa Silas, responsável pelo transporte urbano na cidade, o qual foi aprovado pelos vereadores. Já na tribuna, o principal tema em debate foi a questão da saúde, que foi bastante discutida nas redes sociais nos últimos dias, principalmente após a morte do menino José Adão de Oliveira Cardoso, de apenas 3 anos, ocorrida na sexta-feira da semana passada. Os pais, da localidade de Rua Nova, no interior do município, levaram inicialmente a criança no plantão da Secretaria Municipal da Saúde, com sintomas de gripe. Depois foi encaminhado ao Hospital Montenegro, onde foi diagnosticada pneumonia e água no pulmão. Após longa espera para conseguir uma ambulância com UTI Pediátrica para remoção, que veio de Torres, foi encaminhado ao Hospital da Ulbra, mas acabou sofrendo parada cardíaca e não resistiu.

Morte de José Adão, de 3 anos, tem causado grande repercussão
– Reprodução/FN

Os pais, em contato com a reportagem do Fato Novo, disseram que queriam justiça, reclamando do atendimento e da demora para remoção. O assunto também foi discutido pelos vereadores. O primeiro a se manifestar foi o vereador Sérgio Souza (PSB), que atua a 14 anos na Secretaria da Saúde. Citou que em função da crise econômica, em torno de 30% de pessoas que tinham plano de saúde migraram para o SUS. “Não tem médico para todo mundo”, lamenta. Já sobre a morte do menino José Adão, entende que houve uma falha gravíssima, dizendo que iria entrar com ação no Ministério Público, para que os fatos sejam apurados e responsáveis punidos. Citou a busca por leitos para remoção e lamentou que o Samu alegou que não tinha ambulância equipada e equipe capacitada, incluindo intensivista pediátrico, para transportar a criança, a qual já se encontrava em estado grave. Sergio criticou que existe fila de espera de cerca de 700 pacientes aguardando cirurgia no hospital. A vereadora Ana Paula Machado (PTB), que também trabalha na Secretaria da Saúde, igualmente lamentou que muitos pacientes aguardam cirurgia no HM. Também do PTB, o vereador Juarez Silva, destacou o trabalho na saúde, lamentando que algumas pessoas só veem o caos.

A vereadora Camila Carolina de Oliveira (Republicanos) foi bastante crítica. “É negligência”, entende. E cobrou a realização de cirurgias e melhor atendimento, alegando que recursos estão sendo repassados.

O vereador Felipe Kinn (MDB), por sua vez, elogiou o atendimento no Hospital Montenegro.

Paulo Azeredo, vereador do PDT, propôs a abertura de uma CPI para apurar os fatos da saúde. “Precisamos saber da verdade para que isso não aconteça mais”, afirmou.

O presidente da Câmara, vereador Talis Ferreira (PP), propôs reunião com representantes do hospital, secretaria da saúde e vereadores, para buscar soluções para a saúde. “Foi lamentável o que aconteceu”, sobre a morte do menino José Adão. Disse que é preciso se unir e Montenegro ter uma UTI Neonatal e Pediátrica.

Diretor do HM e secretário da saúde

O diretor do Hospital Montenegro (HM), Carlos Batista da Silveira, e o secretário municipal da saúde, Rodrigo Streb, estavam na Câmara de vereadores durante a sessão. E no meio da plateia ouviram as manifestações dos vereadores sem poder responder, já que apenas os parlamentares podem se pronunciar na tribuna.

Para o secretário da saúde, Rodrigo Streb, é importante a proposta de construção junto com a Câmara de Vereadores, hospital e Samu, buscando sanar os problemas. Disse que o município vai comprar serviços de UTI Neonatal, mas a disponibilização de leitos depende do Estado. Considera que as manifestações dos vereadores foram positivas visando melhorar o atendimento. “Aumentou muito a demanda de pacientes. Vamos ter que buscar solução”, ressalta.

Já o diretor do Hospital Montenegro, Carlos Batista da Silveira, disse que não existe dinheiro sobrando no HM. “Quando acontece algo grave assim, como da morte do menino, é chocante. É preciso fazer uma investigação correta dos fatos e tomar as decisões corretas para que não aconteça novamente”, declarou. Lamentou os comentários em redes sociais e declarações de vereadores, sem que tenham conhecimento dos fatos. Voltou a criticar o corte de repasse de recursos ao hospital por parte do Estado. Citou também que a regulação compete ao Estado. “Precisamos sentar junto e olhar toda a questão, com coerência e tranquilidade”, conclui.

 

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