Crise no transporte coletivo pode diminuir linhas de ônibus

Aumento de 21,5% nas passagens dos ônibus urbanos passa a vigorar na segunda-feira - Crédito: Prefeitura

A crise na Economia provocada pela pandemia do novo coronavírus atingiu fortemente o setor de transporte coletivo urbano. Em todo o país, as concessionárias experimentaram, de um lado, redução drástica nas receitas, provocada pelas políticas de isolamento social; e, de outro, aumento nos gastos devido ao reajuste dos combustíveis e de outros insumos. Há meses, a Silas Transportes Urbanos Ltda (Viação Montenegro) vem pedindo ajuda à Prefeitura para conseguir manter os serviços.

Preocupada com o risco de colapso no transporte de passageiros, a Administração Municipal concordou em sentar com a direção da empresa para a busca de alternativas. As reuniões contam com a mediação do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), que atua também em outras cidades. O secretário-geral da Prefeitura, Vlademir Ramos Gonzaga, e o procurador-geral, Alexandre Muniz de Moura, representam o Município nas negociações.

Vlademir explica que a Silas pediu, a título de reequilíbrio do contrato, um repasse em dinheiro da ordem de R$ 6 milhões. “A empresa alega que vem tendo prejuízos há anos, agravados pela pandemia, e que não há outra alternativa”, explica. “Não somos insensíveis, mas é preciso esclarecer que a Prefeitura também teve muitas despesas extras com a pandemia, especialmente na área da Saúde e da Educação. Dezenas de servidores tiveram de se afastar nas escolas e foram substituídos por contratações emergenciais”, ressalta. Vlademir acrescenta que, na Saúde, a logística da vacinação e o atendimento pós-Covid estouraram a previsão de gastos.

Diante do quadro, a Administração vem construindo um pacote de medidas que pode ajudar a Silas e enfrentar o momento difícil. Uma delas é a possibilidade de redução de horários e itinerários com baixíssimo número de usuários. Também está em análise a ampliação da idade da frota, para que os coletivos possam rodar por mais tempo; a redução nas alíquotas do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) e isenção da taxa do Funtran.

A Silas ainda vem pedindo um aumento na tarifa do transporte coletivo urbano. Pelo contrato e considerando o aumento dos combustíveis, especialmente do óleo diesel, propõe R$ 6,40. Contudo, a Administração Municipal estabeleceu como teto o valor de R$ 4,80. “Se aumentar muito o preço da passagem, o número de usuários cairá ainda mais”, observa Vlademir.

Toda essa discussão foi levada ao conhecimento da Câmara de Vereadores, já que a concessão dos benefícios, se as negociações evoluírem neste sentido, dependerá do aval do Legislativo. “Mesmo que tudo ocorra desta maneira, a Administração Municipal não abre mão de contratar um avaliador externo para remodelagem do sistema de transporte urbano e rural do Município e do cálculo referente ao desequilíbrio econômico-financeiro referente ao período da pandemia”, conclui o secretário-geral.

Menos linhas

No mês passado já houve reunião na Câmara de Vereadores devido as reclamações quanto a redução nas linhas de ônibus, sendo disponibilizados menos horários no transporte urbano. O encontro teve a presença do prefeito Gustavo Zanatta, vereadores e representantes da empresa. A Vimsa alegou uma queda de 50% no uso do transporte coletivo e que alguns horários não têm usuários suficientes para custear os gastos. O prejuízo estaria girando em torno de R$ 266 mil ao mês.

Por outro lado passageiros chegaram a lançar um abaixo-assinado pedindo a volta do itinerário das 22 horas. Uma nova reunião está marcada para 11 de novembro, quinta-feira.

Estado de greve

Na última semana, funcionários da Viação Montenegro decidiram entrar em estado de greve, ainda sem paralisação imediata, reivindicando a volta do pagamento integral do adicional de cobrança, do quinquênio e do ticket alimentação, que foram reduzidos no ano passado, além de uma reposição salarial de 10%.

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