A despedida do “guerreiro” Jardel, que lutou contra câncer e leucemia
O sepultamento de Jardel de Souza da Silva, de 25 anos, ocorreu na tarde da última terça-feira, dia 26, no Cemitério Municipal de Montenegro, após ter sido velado na Capela Mortuária da Funerária Vargas. Além dos familiares, muitos amigos compareceram e inúmeros também prestaram homenagens através das redes sociais, já que Jardel era bastante conhecido e estimado.
Morador do bairro Centenário, deixa o pai Carlos, irmãos Jaine (27 anos), Maisa (19 anos), Jonathan (11 anos) e Beatriz (8 anos), mais os sobrinhos, cunhado, demais familiares e um incontável número de amigos. Jardel era muito atuante na comunidade. Era membro do grupo de carros adulterados de Montenegro, do grupo Sem Controle, do time de futebol do Ajax. Trabalhou desde jovem na Serigrafia Seriart. Adorava som automotivo, jogar futebol e vôlei. Tinha o seu automóvel Gol todo incrementado. “Um rapaz fora de série”, diz o pai Carlos, lembrando também os cinco anos de luta do filho contra o câncer e a leucemia.
A irmã mais velha, Jaine, lembra que em 2017 foi constatado um caroço no pescoço de Jardel. Na época conta que foram feitos exames no Hospital Montenegro. Como o caroço continuou aumentando foi feita nova tomografia, desta vez de todo o corpo, sendo descoberto um câncer de testículo. “O sonho dele era ser pai e o médico falou que as chances eram poucas”, lembra a irmã. Ela conta que foi feita cirurgia e para a alegria de Jardel foi verificado que ainda poderia ter filhos. Entretanto, o caroço no pescoço seguia aumentando e passou a ser feito acompanhamento no Hospital Santa Rita, que integra a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Jaine recorda que foi feita então a primeira cirurgia, de grande porte, no pescoço, para a retirada do linfoma. Lembra que teve que ser retirado um músculo do peito para colocar no pescoço. “A cirurgia foi um sucesso”, lembra. Mas foi preciso outro procedimento, no abdômen, devido a vestígios da doença. A cirurgia também foi bem sucedida.
Na virada de 2019 para 2020, Jardel estava bem e feliz da vida. Inclusive viajou de moto e passou o réveillon com os amigos na praia. Entretanto, depois surgiu uma forte dor de garanta, inflamação e febre. Voltou ao hospital e surgiu a primeira suspeita de leucemia, que é um câncer no sangue. Foi diagnosticada então a leucemia linfoide aguda e encaminhado para tratamento no Hospital de Clínicas, de Porto Alegre, com quimioterapia. Ao ter alta iria para a casa da mãe, em Montenegro, onde ela tinha preparado um quarto para cuidar do filho. Mas em 20 de fevereiro a mãe Janaína faleceu. Foi mais uma dor terrível para Jardel e a família.
Com tantas dificuldades, Jardel chegou a pensar em desistir de lutar. Pensando nos familiares e amigos que sempre o apoiaram, resolveu seguir lutando. Diariamente fazia exames e quimioterapia em Porto Alegre. Estava tudo indo bem desta vez. Nada mais tinha sido diagnosticado nos exames. Entretanto, em julho do ano passado foi constatado que a doença tinha retornado. Continuou o tratamento, com mais sessões de quimioterapia e internações. “Em fevereiro ele me mandou uma mensagem dizendo que estava bem e pronto para fazer o transplante de medula. Era muita alegria”, recorda Jaine. Iniciou então o procedimento para o transplante, previsto para 6 de abril. Jardel e familiares estavam otimistas. Mas novos exames apontaram a volta da leucemia, pela terceira vez. E também pneumonia. Foi direto para a UTI. Chegou a ter uma melhora. “Mandou recado para a namorada Gabriela, que amava muito, e por celular avisou a todos que estava bem e iria para o quarto”, conta Jaine.
Os familiares lembram que Jardel estava feliz, dando risadas e brincando. Mesmo com tudo que tinha enfrentado, não reclamava da vida. Retomou o tratamento de quimioterapia e estava otimista quanto à sua recuperação. Mas dias depois veio o aviso do hospital sobre novo agravamento. Teve novo sangramento na cabeça e parada cardíaca. Médicos tentaram a reanimação, mas sem sucesso.
Um grande guerreiro
Jaine lembra que, mesmo com toda a luta e dificuldades, o irmão sempre estava pronto para ajudar quem precisava. “Foi um guerreiro vencedor. Lutou até o último momento. Deus o quis perto dele para descansar e parar de sofrer. “Vencedor não é quem vence sempre, mas quem nunca deixa de lutar”, sempre dizia, segundo a irmã.
São muitas as mensagens e homenagens. Do time do Ajax, onde fazia o quê mais gostava, que era jogar com os amigos. “Foi um vencedor, dentro e fora do campo. Um exemplo de guerreiro que com muito orgulho integrou a família Ajax”, postou o time de futebol do qual fez parte. “Era um guri incrível. Sempre sorrindo, alegre e brincando. Não tinha quem não gostava dele. Foi um guerreiro que lutou muito pela vida e nunca desistiu. Vai fazer muita falta. Nosso jogo nunca mais será o mesmo sem nosso capitão”, completa a postagem.
Era também administrador da equipe Adulterados. “Um grande amigo, que gostava de reunir a galera. Vai fazer muita falta. Nunca mediu esforços para fazer o melhor. Fizemos uma carreata, com som e muito barulho, do jeito que ele gostava e do jeito que ele iria querer, em homenagem ao grande homem e amigo que era”, postou o grupo Adulterados, sobre a despedida de Jardel.
Também foi homenageado pela equipe automotiva Sem Controle. “Com todos seus problemas, nunca deixava de sorrir. Uma pessoa contagiante, inesquecível, que não se queixava. Todos estamos sentindo a sua falta”, postou.
Ajuda solidária
Além da dor pela despedida de Jardel, a família teve muitas despesas. E agora teve mais os custos com o funeral. Por isso foi lançada uma campanha de doações, através do site Vakinha, com o título “Ajuda solidária à família do guerreiro Jardel”.
Ajuda solidária a família do guerreiro jardel. https://www.vakinha.com.br/2817818?utm_campaign=whatsapp&utm_medium=website&utm_content=2817818&utm_source=social-shares
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