Jurado reconhece réu como colega e júri da morte da pastora volta a ser adiado
Estava tudo pronto no início da manhã de hoje, quinta-feira, dia 31, para finalmente ocorrer no Fórum de Montenegro o júri popular de três acusados de um crime de grande repercussão no município e na região. Estavam no banco dos réus três acusados de envolvimento na morte da pastora evangélica Marta Kunzler, que foi assassinada em sua casa, no bairro São Paulo, na Grande Timbaúva, em 14 de junho de 2017.
Os três réus vieram do presídio, onde estão recolhidos desde a época do crime, e no tribunal já estavam juíza, promotoras, defensores, jurados, pessoas que iriam depor e profissionais do Judiciário. O julgamento era bastante esperado, pois foi um crime bárbaro. A pastora foi morta a golpes de faca e estrangulada com uma gravata masculina, quando voltava de um culto na Igreja do Evangelho Quadrangular, no centro de Montenegro, onde comemorou os seus 63 anos. O julgamento chegou a ser marcado para 16 de dezembro do ano passado, mas acabou sendo adiado. A Defensoria Pública, que atua na defesa dos acusados, alegou colidência de defesas dos três réus, por considerar que as teses poderiam ser contraditórias. E com isso foi remarcada uma nova data para o júri.
Parecia tudo certo desta vez. Inclusive familiares, como irmãos e cunhadas da pastora, vieram de Santa Maria e Tapera, terra natal da vítima, para acompanhar o júri, esperando por justiça. Só que novamente ocorreu um imprevisto. Conforme a promotora Maristela Schneider, que atua na acusação, foram sorteados os sete jurados e instalado o conselho de sentença. Entretanto, um dos jurados, após ter sido sorteado, manifestou que foi colega de um dos réus na escola. “Ele só tinha visto quem era o réu quando sentou em seu local no plenário”, afirma à promotora, explicando que o fato de ter sido colega é um impedimento para atuar como jurado. Como os demais convocados tinham sido dispensados após o sorteio, faltava jurado para fazer a substituição. E isso inviabilizou de dar seqüência aos trabalhos. “Solicitamos que fosse remarcado o júri com maior urgência possível. O crime é de 2017 e precisa de uma resposta imediata sobre a trágica execução da pastora Marta”, destaca a promotora.
A juíza Debora Vissoni deve marcar uma nova data para o julgamento. Enquanto isso, os acusados continuam presos. Os familiares lamentaram mais um cancelamento do julgamento, já que vieram de longe cedo da manhã com a expectativa de justiça para amenizar um pouco a dor da perda da pastora. “É lamentável que se movimente todo o judiciário, jurados, pessoas e sentimentos, num crime cruel, e se adia de novo, sem justificativa”, protesta José Kunzler, um dos irmãos, que veio de Tapera e aguarda pelo julgamento faz cinco anos. “A justiça tem que se ser feita, com punição exemplar, para amenizar nossa dor”, completa Jorge Kunzler, também irmão da pastora assassinada.
Os réus
Um dos acusados de envolvimento no crime foi o próprio esposo da vítima. Ele era acusado de ser o mandante do crime. Mas Adair Bento da Silva morreu quando estava preso. Ele faleceu em 17 de outubro de 2018, aos 39 anos, em Charqueadas, onde estava internado no hospital. A causa da morte foi insuficiência respiratória devido à tuberculose.
Outros três acusados, que se encontram presos, devem ir a julgamento. Os réus são Rodrigo Nunes da Silva, que na época seria amante da Adair, mais os comparsas Igor de Azeredo Gomes e Juliano Jackson da Silva Gomes, que conforme a acusação teriam sido contratados para matar a pastora. O Ministério Público entende que praticaram homicídio quintuplamente qualificado, por motivo torpe, mediante pagamento e promessa de recompensa, em crime executado de forma cruel, por asfixia, e utilizando recurso que dificultou a defesa da vítima. Além disso, foi enquadrado por feminicídio.
Conforme apurou a Polícia, Adair teria prometido que pagaria a Igor e Juliano, que são primos, a quantia de mil reais, mas acabou pagando só cem reais, para cometerem o crime porque a pastora não concordava com a separação proposta por ele. Ele teria ficado sabendo que, caso a separação se consumasse, sua parte do patrimônio do casal seria pequena. Eles eram casados havia 18 anos. Já Rodrigo é acusado de dirigir o carro da pastora para a fuga de Igor e Juliano. O carro depois foi abandonado em Passo da Amora, no interior do município. Adair, segundo a acusação, teria simulado que a esposa havia sido vítima de assalto. Ele estava na casa com uma menina de 2 anos, filha do amante e que já morava há um ano com a pastora, a qual pretendia adotá-la. Para a Polícia, o marido queria ficar com os bens e pensão da pastora, juntamente com o amante.
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