Índios estão deixando Montenegro e se mudando para Capela de Santana
No início desta semana os índios que estão desde 2017 em Montenegro começaram a se mudar para Capela de Santana. Essa possibilidade já tinha sido noticiada pelo Fato Novo em abril deste ano e agora está se confirmando. Os Kaingang, com cerca de 148 pessoas, de 33 famílias, estão se instalando na área do antigo Centro de Treinamento da Mecanização da Lavoura (CTML) da Capela, que é de propriedade do Governo do Estado.
Na última segunda-feira já foram dois ônibus com os índios. Ontem, terça-feira, os indígenas continuaram fazendo a limpeza da área e até quinta-feira pretendem desmanchar as casas em Montenegro para reconstruí-las na Capela. O prefeito capelense Alfredo Machado, em vídeo divulgado na segunda-feira, diz que não foi comunicado da mudança.
Os kaingang chegaram a Montenegro no final de 2017, vindos de tribos de cidades como Nonoai, Redentora e Carazinho. No início eram seis famílias que se instalaram numa área particular na margem da RSC 287, próximo do trevo do Posto Ipiranga, no bairro Santo Antônio. O local era considerado de risco, devido aos alagamentos. No ano seguinte, se transferiram para uma área do Estado, próximo ao Parque Centenário. E aí iniciaram as reclamações de vizinhos, por estarem no meio de uma zona urbana. Além de o espaço ser pequeno, falta estrutura, como banheiros, tendo sido usados de uma creche em construção, situada bem ao lado, na Rua Vereador João Vicente. Também houve corte na energia elétrica. Moradores próximos, em reuniões e abaixo-assinados, pediram a remoção, por considerarem que existe conflito de culturas que são incompatíveis no local em termos de convivência urbana.
A demora para resolver o impasse e a resistência dos vizinhos fez com que os índios decidissem se mudar de Montenegro para Capela de Santana. No local, após a desativação do CTML, chegou a funcionar uma escola agrícola e também a escola estadual Manoel Almeida Ramos. “Fomos olhar. Achamos boa a área. Falta luz, água e estrutura, mas isso podemos ver com a Sesai (Secretaria Especial de saúde Indígena) e Funai (Fundação Nacional do Índio)”, disse o cacique Eliseu, ainda em abril. Eliseu já está na Capela. Ontem a reportagem conversou com o vice-cacique, Lucas, que ainda estava em Montenegro. “Vai levar uns dois dias e meio para toda a mudança”, calcula Lucas.
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