Médico do Hospital Montenegro diz que situação é dramática
“A situação é dramática. Se o ritmo de infecção continuar aumentando nesta velocidade faltarão recursos”. A manifestação de preocupação é do diretor técnico do Hospital Montenegro (HM), Jean Ernandorena, que comanda a equipe médica da maior casa de saúde do Vale do Caí. “A nossa emergência está praticamente funcionando como uma UTI, mas não é uma UTI”, completa, sobre a falta de vagas, informando que ontem 5 pacientes aguardavam por leitos na unidade de terapia intensiva.
A maioria dos óbitos de pacientes com coronavírus ainda são de pessoas idosas, com mais de 70 anos, muitas delas com doenças crônicas. Mas chama a atenção que entre os internados, inclusive na UTI, estão muitas pessoas mais jovens, na faixa etária entre 30 e 50 anos. “A média de idade é cada vez menor. São pacientes jovens, que chegam em estado grave”, afirma o médico Jean Ernandorena. Isso mostra que ocorreu uma mudança quanto a faixa etária dos pacientes em relação ao início da pandemia. Além disso, os casos passaram a ser de maior gravidade entre os mais jovens, mesmo de pessoas sem comorbidades (outras doenças). Com isso, o tratamento é mais demorado e a ocupação de leitos também demanda mais tempo. E justamente quando a pandemia vive o seu período mais crítico. No HM, por exemplo, a taxa de ocupação da UTI era de 140% nos últimos dias. “Os pacientes com Covid-19 já estão utilizando leitos que eram para outras patologias. Por isso essa taxa de ocupação tão alta”, explica Ernandorena.
Entre os dez pacientes que estavam em dez leitos da UTI na segunda-feira, dia 8, as idades variavam entre 34 e 57 anos. A maioria são da faixa dos 40. E não só de Montenegro, mas também de Capela de Santana, São José do Sul, Tabaí, Barão e Tupandi. Já ontem, 19 pacientes com coronavírus estavam em ventilação mecânica, dos quais 63% dos entubados tinham entre 30 e 65 anos.
Dos pacientes de São Sebastião do Caí, que faleceram neste último final de semana e estavam internados no Hospital Montenegro, uma mulher tinha 46 anos e o homem 69 anos. O Caí somava 22 óbitos até o início desta semana. Ontem, Montenegro também confirmou mais duas mortes, de homens de 73 e 76 anos, totalizando até terça-feira 64 mortes de pacientes com coronavírus.
Nessa nova onda da Covid-19 o perfil dos pacientes é diferente dos casos registrados há cerca de um ano atrás. Agora a faixa etária é menor e muitos sem doença prévia. “Chegam em estado grave já no primeiro dia de internação e com muito pulmão comprometido”, diz o doutor Jean. E o tempo que estão ficando na UTI é maior. É justamente a faixa etária que mais se expõe, com pessoas que trabalham, saem mais de casa e muitas vezes não obedecem ao distanciamento social. Existe também a preocupação com o aumento das internações de crianças, mesmo que não estejam ocorrendo aulas presenciais. Já os idosos, além de ter iniciado a vacinação, estão mais em seus domicílios, adotando medidas de prevenção.
No Hospital Unimed também os leitos estão praticamente todos ocupados. Segundo informações de ontem do site do Governo do Estado, a UTI estava com 100% de ocupação. E a taxa é ainda maior nos leitos fora do CTI, para pacientes de casos confirmados e suspeitos. De acordo com o presidente da Unimed Vale do Caí, médico Everton Machado Bochi, foram ampliados os leitos para pacientes com Covid, transformando uma ala de internação clínica, para acomodar a grande demanda de pacientes.
O painel de indicadores Covid-19 da Prefeitura de Montenegro mostra que entre os casos confirmados, a maioria estão entre 20 e 59 anos, que totalizavam 3.686 ontem. E a faixa etária com mais casos é entre 30 a 39 anos, que tinha 1.173 casos. Já de idosos entre 70 e 79 anos, eram apenas 167. Isso num total de 4.801 casos acumulados, registrados até ontem, terça-feira, dia 9, dos quais 3.198 recuperados e 1.539 em recuperação. Na região,
Os números assustadores, principalmente da Covid-19 atingindo violentamente pessoas mais jovens, a alta velocidade do contágio e a circulação de uma nova variante do vírus, comprovam que todos devem se cuidar, pois o coronavírus está atingindo todas as idades. E cada vez com mais gravidade. O melhor remédio continua sendo a prevenção.
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