Divergências entre HM e Prefeitura nos atendimentos e repasses ao hospital
Na sexta-feira passada, dia 29 de julho, o secretário municipal da saúde de Montenegro, Rodrigo Streb, e o vereador Sérgio Souza, participaram de entrevista na Rádio América. Além de falar dos atendimentos e da boa posição do município na área da saúde entre as cidades com mais de 50 mil habitantes, os dois lamentaram a fila de espera por cirurgias eletivas e as dificuldades para encaminhamento de pacientes da atenção básica no Hospital Montenegro (HM), que atende gratuitamente pelo 100% SUS. Sérgio, inclusive, informou que foi aprovada pelos vereadores a realização de uma reunião, em regime de urgência, com a participação de secretários de saúde da região, Conselho Municipal de Saúde, OAB, CIS Caí e Secretaria da Saúde do Estado, para pedir providências. “Não podemos deixar os pacientes aguardando. São mais de 700 pessoas na fila”, reclamou o vereador, que também trabalha na Secretaria da Saúde de Montenegro.
O secretário Rodrigo Streb disse que o HM está pedindo o repasse equivalente a 8 reais por habitante, o quê não foi aceito pela Prefeitura de Montenegro e outros municípios, e lamentou as negativas de atendimentos. “Para onde vamos encaminhar os pacientes se o HM é a nossa referência pelo Estado?”, questionou. E lembrou que a mesma queixa ocorre por parte de outras Prefeituras.
No mês passado, uma comitiva do Vale do Caí teve audiência com a secretária estadual da saúde, Arita Bergmann, em Porto Alegre, para tratar sobre dificuldades enfrentadas pelos municípios na busca por atendimentos em hospitais de referência no SUS para a região, como Hospital Montenegro e de Canoas. Uma comissão foi formada durante a reunião dos prefeitos e secretários da saúde da Associação dos Municípios do Vale do Rio Caí (Amvarc) realizada no município de Vale Real. Na época a direção do Hospital Montenegro já alegou que iria atender apenas pacientes de municípios que auxiliam a instituição e que o contrato com o Estado só inclui urgências e emergências.
Outra preocupação do secretário da saúde é com o risco de fechamento da emergência e da ala psiquiátrica do HM, os quais teriam recebido fiscalização da Vigilância em Saúde do Estado. “Preocupante a situação, pois a saúde pública sofrerá muito com isso. E caso isso ocorra, para onde irão os pacientes graves?”, perguntou Rodrigo.
Direito de resposta do HM
A direção do Hospital Montenegro pediu direito de resposta na rádio América. Na segunda feira participaram de entrevista na emissora o diretor executivo, Carlos Batista da Silveira, e o diretor técnico, o médico Jean Erandorena. Batista disse que estranha que querem colocar a culpa no HM sobre o atraso nas cirurgias. “O HM é um hospital particular. Temos apenas 70 cirurgias por mês para cumprir no contrato com o Estado. E estamos cumprindo a meta”, garantiu. “Somos prestadores de serviço para urgência e emergência”, completa.
Batista declarou que mesmo a o município de Montenegro tenha um pronto atendimento 24 horas na Secretaria da Saúde (Assistência), necessita de estrutura, como de laboratório, raio-x, salas de estabilização e gesso. “Não temos mais como suportar. Só vamos cumprir o quê consta no contrato e atender pacientes regulados (urgência e emergência), para os quais somos 100% SUS”, afirmou.
Sobre disponibilidade de vagas, o médico Jean Erandorena explicou que é o Estado quem regula os leitos disponíveis. “Não existem recursos para todos os atendimentos. Por isso priorizamos os casos graves”, diz.
Quanto à possibilidade de fechamento da emergência, Erandorena lembrou que o setor está em local improvisado até o novo Pronto Socorro Regional ficar pronto. “Não estamos em local adequado, mas atendemos as necessidades”, garante, não descartando a possibilidade de fechar a emergência até a conclusão das obras, que devem demorar mais cerca de 30 ou 40 dias. O término da obra, segundo a direção do HM, depende de mais recursos, que estão sendo angariados junto a empresas da região. “E se fechar, para onde vão os pacientes?”, perguntou Batista. Ele confirmou que a Vigilância Sanitária tem feito a fiscalização, mas que seria de rotina, antes de vencer os alvarás, não existindo nenhuma denúncia ou auditoria. “A Vigilância foi avisada da obra e que teríamos que mudar para outro local”, declara. Já quanto à saúde mental, o diretor do HM diz que é uma responsabilidade do Estado. Ele também lamentou que a direção do HM não será convidada para a reunião com os representantes da Secretaria Estadual da Saúde, Prefeituras e demais entidades, que será realizada pela Câmara de Vereadores.
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