Audiência pública na capital destaca mobilização do Caí contra o pedágio no Areião
A mobilização contra a instalação de uma praça de pedágio na ERS 122, em São Sebastião do Caí, teve mais um capítulo importante na manhã desta sexta-feira, dia 12. Uma caravana de caienses se dirigiu para a capital para participar da audiência pública da Comissão de Segurança, Serviços Públicos e Modernização do Estado, na Assembleia Legislativa. Durante o encontro, foi unânime por parte das lideranças e representantes da comunidade a contrariedade com relação ao pedágio proposto para ser instalado na altura do quilômetro 4, no bairro Areião. “Não queremos pedágio. Faremos de tudo dentro da Constituição para inviabilizar a praça no Areião. Ou teremos que conversar muito, mas muito mesmo. E aqui quem fala é um prefeito do mesmo partido do governador”, ressaltou Júlio Campani, ao lado do vice Mozar Hoff, vereadores e demais lideranças caienses.
Não faltaram camisetas, cartazes, bergamotas e até o hino do município, além do prefeito puxar a canção Querência Amada, para demonstrar o amor pelo Caí, que não pode ser prejudicado pelo pedágio dividindo a cidade. Os deputados estaduais e seus representantes deram apoio a mobilização. A esperança dos manifestantes é de que ainda se possa reverter o quadro, mudando o local previsto para a praça ou se conseguindo a isenção para os moradores locais. O aumento da tarifa, de 83% em fevereiro, passando para R$ 11,90 para carros, além da cobrança nos dois sentidos, causa revolta e preocupação com relação ao impacto econômico no município e região, podendo dificultar a atração de novos investimentos e até prejudicar as empresas e comércio local, além do alto custo para os moradores.
Proposta pela deputada Sofia Cavedon (PT), a audiência pública teve grande participação no Plenarinho da Assembléia Legislativa. Previsto para entrar em funcionamento em fevereiro de 2024, o pedágio no Areião será uma das duas novas praças que será instalada no Vale do Caí, após a desativação da atual no município de Portão. A outra está prevista para o quilômetro 30 da ERS 240, na altura da localidade de Paquete, em Capela de Santana, próximo da divisa com Montenegro.
Entre os próximos passos está a busca por uma reunião com o governador Eduardo Leite, no Ministério Público e com o BNDES. Já está marcada para a próxima quarta-feira, dia 17, uma reunião no Ministério Público de Contas, também em Porto Alegre. “A comunidade precisa ser ouvida e há pontos que necessitam ser esclarecidos. Estaremos juntos neste processo”, afirmou Sofia Cavedon, que presidiu o encontro e acolheu os encaminhamentos propostos pelos participantes.
Prejuízos
Embora se declare a favor da concessão de rodovias, Campani argumentou que a praça no quilômetro 4 irá prejudicar diretamente trabalhadores e estudantes de dois bairros da cidade (Areião e São Martim), que terão que desembolsar R$ 11,90 (nos dois sentidos) para ir e vir. Além disso, inviabilizará cerca de 20 pequenos negócios ao longo da estrada, que terão dificuldades para serem acessados pelo público. Alega também que, incialmente, a praça estava prevista para ser implantada no quilômetro 22, em Bom Princípio. A mudança de local ocorreu, segundo ele, a partir de uma decisão unilateral do governo, sem nenhum tipo de consulta à comunidade.
Manifestações parlamentares
Absurdo e inaceitável foram os adjetivos usados pelo deputado Pepe Vargas (PT) para qualificar a implantação de praças em zonas urbanas. Apesar de reconhecer que a concessão da rodovia é um fato consumado, ele sustenta que nada impede que o estado determine a alteração da localização da praça.
Integrante da base governista, mas crítico à concentração de praças de pedágios nos vales do Sinos e Caí (abrigam 8 das 22 existentes no RS), Issur Koch (PP) alertou que as regiões, que já são responsáveis por 40% de toda arrecadação dos pedágios no Rio Grande do Sul, estão na iminência de ficarem ilhadas. Isso porque os motoristas que trafegam pela RS-118 também correm o risco de serem cobrados. Ele considera que, além de mudar o lugar da praça, é preciso criar mecanismos eficazes de fiscalização das obras na rodovia e do cumprimento do contrato.
Contrapontos
O secretário adjunto de Parcerias, Gabriel Ribeiro, garantiu que o governo não se nega a dialogar com a comunidade ou foge do debate. Ressaltou que, apesar de o contrato de concessão já ter sido assinado, a administração estadual busca uma possível solução para atender a comunidade. Para isso, está realizando diagnóstico de tráfego em tempo real para conhecer o número e os tipos de veículos que transitam pelo local. “Vamos tomar uma decisão com base em evidências”, asseverou. Sugeriu que um novo debate seja realizado após a conclusão do levantamento de tráfego, o que deve ocorrer num prazo entre 90 e 120 dias.
Já o diretor executivo da concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), vencedora do leilão, Paulo Negreiros, disse que vem dialogando com o prefeito sobre as preocupações da comunidade, mesmo antes de assinar o contrato. Frisou, no entanto, que a mudança pleiteada depende mais do governo do que da concessionária e alertou que alterações podem “interferir nos investimentos que devem ser feitos na rodovia”, ao longo dos próximos 30 anos. “Estamos dispostos a ouvir alternativas e contribuir para buscar soluções dentro do que for possível. Temos todo o respeito pela comunidade”, declarou.
A audiência pública teve transmissão ao vivo pelo facebook e Youtube, estando disponível nas redes sociais do Fato Novo.
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