Índios aceitam sair do bairro Centenário, mas pedem área maior
Avançam as tratativas para que as cerca de vinte famílias de índios Kaingans deixem o bairro Centenário e sejam removidos para outro local. O próprio cacique do assentamento, Eliseu Claudino, diz que os indígenas concordam com a remoção, desde que a troca ocorra para uma área maior. “Nosso plano é de se mudar. A área aqui é pequena”, diz, referindo-se ao terreno situado próximo ao Parque Centenário, na esquina das ruas Vereador João Vicente e Simões Lopes Neto.
Na terça-feira passada, dia 19, um grupo de moradores, vizinhos do assentamento, acompanhados do presidente da Câmara Municipal, vereador Juarez Silva, esteve reunido com o prefeito Gustavo Zanatta, com o secretário de habitação, desenvolvimento social e cidadania, Luis Fernando Ferreira e com o diretor de habitação, Igor Silvestrin. Os moradores pediram justamente a remoção dos índios, entendendo que existe um conflito de culturas, pois consideram que os indígenas tem seus costumes próprios, gerando incompatibilidade em termos de convivência em plena zona urbana. A discussão é antiga, desde que os índios chegaram ao local, no final de 2018.
Outra questão é que nos próximos dias deverão ser retomadas as obras da EMEI Centenário. A creche está situada bem ao lado do assentamento. Inclusive os índios ainda usam os banheiros que eram dos operários que trabalhavam na construção da escola. E com o reinício das obras essa é outra situação que deve ser resolvida.
O secretário de habitação, Luis Fernando Ferreira, no dia seguinte da reunião na Prefeitura, foi até o assentamento conversar com os índios. E ouviu o interesse deles em se mudar para uma área maior, já que estão entre 74 pessoas, sendo que praticamente a metade são crianças. Muitas casas de madeira já foram construídas, substituindo as de lonas. E como pretendem construir banheiros de alvenaria, precisam de uma definição sobre o local em que ficarão assentados. “Precisamos de documento”, dizem os índios, sobre a garantia de poderem ficar num local fixo, de posse da terra.
Bairro Zootecnia é alternativa
Os índios, que vivem de artesanato e atualmente muitos também estão trabalhando na colheita da uva na Serra, chegaram a se instalar inicialmente numa área particular na margem da RSC 287, no bairro Santo Antônio. E depois se mudaram para o bairro Centenário. O local onde estão pertence ao Estado, sendo uma área vinculada a Escola Estadual AJ Renner. Outra área, que está sendo estudada para remoção, seria junto ao Centro de Treinamento de Agricultores (Cetam), no bairro Zootecnia, próximo ao assentamento dos colonos sem terra. Seria uma área mais distante do centro, mas com mais espaço. Com isso, além das casas, poderia ser construída também a escola que os índios querem erguer para que as crianças recebam aulas de acordo com sua cultura dos Kaingangs.
Uma nova reunião entre representantes da Prefeitura e índios pode acontecer ainda nesta sexta-feira. E depois a posição será levada ao Estado, para que seja viabilizada a remoção. O assunto da permanência ou não dos índios no bairro Centenário tem dividido opiniões dos moradores, gerando muita discussão e comentários nas redes sociais.
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