Briga mundial de moleques

Oscar Bessi

Em sua longa história, a humanidade já viu, e viveu, capítulos diversos permeados pela estupidez. Em todos eles, milhares, quando não milhões, de inocentes pagaram o pato. Foram guerras motivadas pelas justificativas mais estapafúrdias, invasões e extermínio de povos inteiros determinados pela ganância inescrupulosa, decisões de mandatários de todas as estirpes pautadas não pela busca do bem coletivo, mas por vaidades e egocentrismos sem limites. E o que se espera, após estes períodos de sandice e tragédias, é que se aprenda. Afinal, temos este negócio chamado cérebro dentro da cachola e é, até onde se sabe, para se usar, nem que seja de vez em quando. Aí moraria a nossa racionalidade. Mas parece que o bicho homem só consegue usar essa tal capacidade de raciocinar para destruir com tudo. Ou estragar o que está feito, até bem feito. A natureza que o diga.

Agora, estes jogos de cena da política nacional e mundial poderia ser chamados de palhaçadas em série, não fossem tremendas piadas de mau gosto. Extremismos com discursos vazios, intolerâncias com justificativas rasas, atos genocidas seguidos de uma absurda surdez ao apelo humanitário. E, de outra banda, uma tal apatia que só falta aplaudir, caso se descruzem os braços, mesmo com o sacrifício de tantas vidas.

Trump chegou ao poder dos EUA de uma forma inesperada. Parecia impossível que um sujeito tão prepotente quanto caricato voltasse ao poder, depois de já se conhecer sua faceta pública esdrúxula – e, da primeira vez, até se entende que uma insatisfação da massa levasse um tipo daqueles ao governo, acontece em todo lugar, acontece por aqui também. É humano confundir nossas muito justas mágoas e raivas com a incompetência pública por um discurso que ecoa esse sentimento, sem que se perceba que gestores, de verdade, não são animadores de circo. “Fala o que a gente pensa, o que a gente sente”. E aí se leva ao poder tipos que, logo adiante, demonstram sua total incapacidade de resolver problemas – por arregaçar as mangas e resolver de fato é bem diferente de atacar a tudo e a todos de forma inflamada, numa campanha política. Esses péssimos gestores públicos atendem apenas interesses seus e de seus grupos, sem qualquer compromisso com o todo, e seguem numa eterna campanha política mesmo depois de eleitos, gritando muito e fazendo coisa nenhuma.

A jogada do deputado federal da família Bolsonaro, que recebe seu polpudo salário de congressista brasileiro, pago pelo seu povo trabalhador, mas está em férias ternas nos EUA, parece aquelas coisinhas irritantes de menino mimado filhinho de papai: a bola é minha, e se ninguém me passa a bola, se não deixam eu fazer gol, então levo a bola pra casa e ninguém joga mais. Sua estratégia de pedir boicotes contra o próprio país está gerando milhares de desempregados. Vidas arruinadas. E ele não está nem aí.

Aí Trump, na ONU, depois de prejudicar a vida de milhares de brasileiros, de produtores e a trabalhadores que ficaram desempregados, faz uma piada de moleque, dizendo que “rolou química” entre ele e Lula. Que aceita a piada ridícula e entra na onda, como se resolver essa questão fosse uma brincadeira de guris arteiros. Como disse Guilherme Baptista na Rádio América, isso é linguajar de chefes de estado? Pior: isso é jeito de dois sujeitos responsáveis por não resolver a vida de tanta gente tratar de assuntos sérios?
Assim segue o conflito da Ucrânia, na Palestina, mundo afora. Como piadas na boca dos líderes que deveriam já ter resolvido essas questões há muito. Ao contrário, alimentam extremistas e violências. Alimentam a desordem e o caos. Não pode ser engano. Não pode ser de graça. Eles devem estar lucrando muito com isto e nós é que não estamos vendo.

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