Gestante que deu a luz no dia do seu aniversário, morre 25 dias após o parto

Claudia Belo dos Santos tinha 40 anos, completados na mesma data do nascimento de sua filha Jade dos Santos de Freitas em 21 de março, mas após complicações veio a falecer na sexta-feira santa - Reprodução/FN

Claudia Belo dos Santos tinha 40 anos, completados na mesma data de nascimento de sua filha Jade dos Santos de Freitas, no último dia 21 de março. Morava com o marido Jean Maquiel de Freitas, de 29 anos, no Bairro Timbaúva.

Nascida na cidade de Paracambi, no Rio de Janeiro, fazia mais de cinco anos que Claudia residia em Montenegro. Trabalhava no Imec Supermerdos, tendo recebido promoções de cargo e ganhou transferências para as cidades de Dois Irmãos e Lajeado. No ano passado retornou a Montenegro. “Era uma pessoa de um caráter e uma índole inigualável, persistente, benevolente, determinada, focada, acolhedora, honesta. Enfim, era perfeita!”, diz o marido.

Segundo relatos dos colegas de trabalhos, ela contagiava o ambiente aonde chegava, com uma luz, uma paz, uma esperança, despertando sempre o melhor de todos, não só no profissional como no pessoal. “Como ela sempre dizia, o pessoal do Imec,  também era sua família”, lembra Jean.

Com sua família que ficou em Paracambi – sua mãe dona Ani, pai Jorge, irmãos Cristian (Nem como ela chamava), Aline e Cristiane (Sani como ela chamava), mesmo estando longe, era muito presente e estava sempre em contato, sempre preocupada, transbordando amor e carinho para com todos, matando a saudade que a distância causara. Sempre ao ligar, pedia “bença” mãe,  e “bença” pai, demonstrando muito respeito e admiração a sua família.

Com suas amigas cariocas, mantinha um vinculo de anos, desde épocas de sua infância, fazendo com que as amizades também se transformassem em sua família. “Quando fomos lá à última vez, no ano passado, o pessoal pediu muito um filho dela, e prometemos que iríamos fazer. E conseguimos. Fizemos a nossa linda Jade, a personificação de todo o amor emanada de minha esposa, de todos os sonhos e desejos de Cláudia. Ela é perfeita, como disse Cláudia em diversos momentos. Era sua paixão, tanto que nasceu na data do aniversário de Cláudia, em 21 de março”, diz Jean.

Gravidez tranquila

O marido lembra que a gravidez de Cláudia foi muito tranquila. “Fomos curtindo todos os momentos da gravidez, cada ecografia, cada consulta,  cada batimento, cada chute na barriga. A cada peça de roupinha comprada era uma grande alegria. Por diversas vezes, fazia vídeos no tiktok, exibindo aquela linda barriga redondinha, carregando todos os sonhos, esperanças  e tudo de melhor que a Cláudia tinha”, relata Jean. Ele recorda que a esposa era muito ansiosa. “Dois meses antes da Jade nascer já estava com a sua malinha com as coisas dela pra ficar no quarto do hospital e a mochilinha da Jade com todas as coisas que ela sempre sonhou”, lembra.

Claudia estava muito feliz com a gravidez e a chegada da filha Jade – Reprodução/FN

Na data do parto, Claudia foi guerreira. Ficou 12 horas em trabalho de parto, tentando ganhar de parto normal. “Mesmo sendo induzida, não dilatou o suficiente para a nossa princesinha sair, e acabou saindo por cesárea”, conta Jean. “Quando estava ao seu lado na sala do parto, senti que, para ela, era o grande momento da vida dela, era seu verdadeiro amor da vida que estava nascendo. Quando ela estava com a Jade nos braços,  sentia que , nada mais importava e que o tempo parava , para aquele momento de mãe e filha, ou melhor, de sonho e realidade”, completa.

Após 48 horas após o parto, o casal foi para casa com a tão sonhada filha. Mas Jean recorda que, após alguns dias, Claudia começou a sentir muitas dores nas costas, na barriga e nas pernas. No dia seguinte voltou ao Hospital Montenegro e Jean diz que foi diagnosticado problema no nervo ciático. No outro dia foi refeito curativo da cesárea. O marido diz que no outro dia foi novamente no hospital e o médico que fez o parto declarou que as dores que sentia eram normais. Ficou em casa mais um dia e depois foi levada ao Hospital Unimed, onde foi direto para a emergência, pois estava tendo uma parada cardíaca. Removida para o hospital em que foi feita a cesárea, passou por nova cirurgia, sendo constatada uma infecção no útero, causada por bactéria e ocasionando septicemia (infecção generalizada grave), embolia pulmonar e trombose. “Foram 15 dias de luta, que não perdemos a esperança e que ela lutou bravamente para sobreviver. Lutou com todas as forças pra ficar ao lado de nossa filhinha”, diz Jean.

Claudia faleceu às 6h35min da manhã do feriado de sexta-feira santa. “No mesmo dia da morte de Jesus Cristo”, cita o marido. “Estávamos todos esperançosos com a recuperação dela. Todos querendo estar com ela quando saísse. Às vezes não entendemos os planos de Deus, mas sei que se ele quis assim, foi porque queria que não mais sofresse nessa terra, e levou ela para seu lado, num lugar de descanso, de onde ela vai estar sempre em nossos corações,  em nossos pensamentos e iluminando sempre os passos da nossa filhinha Jade, nossa preciosa”, afirma Jean.

Casal se conheceu pelo facebook

Claudia e Jean tinham um relacionamento de três anos, que resultou na sonhada chegada da princesinha Jade
– Reprodução/FN

Jean conta que conheceu Claudia através do Facebook. “Em uma resposta aos stories dela, em que ela estava comendo um panetone, escrevi que eu amava panetone”, relembra o viúvo. “Nos conhecemos, namoramos, iniciamos a morar juntos e veio o primeiro teste: ela recebeu uma promoção para outra cidade e ficaríamos juntos, mas distantes todos os dias. Ela tinha 4 filhinhos, os cachorrinhos Belinha, Preta, Cacau e Nick. E como ela iria se mudar, fiquei tomando conta deles por ela. Eu odiava cachorro, mas após todo esse tempo, eu passei a ter o mesmo apego aos cachorros que ela tinha,  pois eles me lembravam do amor que ela tinha e me ajudava a preencher a falta que ela fazia”, recorda.

Jean lembra que Claudia foi trabalhar e morar em Dois Irmãos, mas o casal se via em todos os finais de semana e em todos os feriados. Logo depois ela foi para Lajeado e posteriormente retornou para Montenegro. “Para nosso querido lar, me fazendo me sentir mais completo”, diz.

Foi um relacionamento de mais de 3 anos. “Ela me mudou, me fez um ser humano melhor, uma pessoa mais bondosa, não apegada em bens materiais, sem guardar rancor das pessoas, amar ao próximo, encarar as coisas ruins da vida como ensinamento. Viajamos bastante. Amávamos viajar e ter nossos momentos juntos. Ela era romântica e imensa ao extremo, se entregava demais, deixava se permitir dar o seu melhor, se reinventava sempre. Cuidava tão bem do meu filho João Bernardo, que, parecia que o filho era dela. Ela era demais! Enfim, essa mulher me ensinou o que é amar de verdade, o que é sentir saudade, o que é sentir ciúmes, o que é ter medo de perder. Me fez uma pessoa melhor. Só posso dizer que eu te amo muito meu amor e nunca vou te esquecer”, completa o marido, emocionado.

A despedida de Claudia Belo dos Santos ocorreu no sábado de aleluia. Após velório na Funerária Forneck Mattana, foi encaminhada para o Crematório Jardim da Memória, em Novo Hamburgo.

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