Vereadora Camila diz que não esperava tanta repercussão dos vídeos e que segue trabalhando normalmente
A vereadora Camila Carolina de Oliveira (Republicanos) participou no início da tarde de hoje, quarta-feira, dia 19, da abertura da ExpoACI, no centro de Montenegro. Enquanto estava visitando a Feira da Agricultura Familiar, um dos espaços do evento que vai até o próximo sábado nas dependências do Colégio Sinodal Progresso, a reportagem buscou novo contato com a vereadora, que nas respostas por mensagens alegou que só iria se manifestar no momento oportuno.
Camila disse que preferia não dar entrevista. Declarou apenas que não esperava tamanha repercussão quanto aos vídeos gravados na Câmara de Vereadores e que circulam nas redes sociais. Afirmou que segue trabalhando normalmente, inclusive confirmando que vai participar amanhã, quinta-feira, da sessão ordinária da Câmara. Não informou se durante a sessão irá se pronunciar na tribuna, já tendo conhecimento que o Partido dos Trabalhadores está organizando um ato de repúdio, na frente da Câmara, amanhã, às 18h. Além disso, foi lançado abaixo-assinado pedindo a sua cassação, além de várias notas de repúdio e protestos nas redes sociais. Camila se diz tranquila e que tem recebido apoios de correligionários.
Nota de Republicanos
O Republicanos, partido da vereadora e pelo qual ela concorreu a deputada estadual neste ano, também emitiu nota pública através do seu diretório estadual, assinada pelo presidente da sigla, deputado federal Carlos Gomes, e pela Secretária estadual do Mulheres Republicanas, Beth Colombo.
O presidente estadual do Republicanos manifestou repúdio ao conteúdo dos vídeos publicados pela vereadora e informa que foi solicitada a avaliação da Comissão de Ética do partido, que fará a devida apuração e apreciação da conduta da parlamentar. “Reiteramos que o Republicanos defende o respeito à pluralidade como pilar da democracia. Não compactuamos com manifestações que segreguem, ofendam ou discriminem pensamentos políticos divergentes, sobretudo aquelas que rebaixem a condição feminina”, descreve a nota, concluindo que aguarda o parecer da Comissão de Ética do Poder Legislativo montenegrino, a quem deposita respeito e confiança.
Repercussão
Os dois vídeos gravados dentro da Câmara de Montenegro e divulgados nas redes sociais da vereadora Camila estão causando repercussão, inclusive na grande imprensa. Ontem as filmagens foram destaque em emissoras de televisão e rádio, além de jornais e portais de notícias.
Na manhã de segunda-feira, dia 17, representantes de três partidos políticos (MDB, PSB e PTB), que possuem representação no legislativo municipal de Montenegro, apresentaram denúncia contra a vereadora Camila. Na representação, protocolada na Câmara, os denunciantes consideram que houve quebra de decoro parlamentar por parte da vereadora, a qual gravou os vídeos em seu gabinete na última sexta-feira, dia 14.
Segundo a denúncia, foi utilizada a estrutura da casa legislativa para a filmagem de propaganda política eleitoral, contendo músicas com expressões de ódio e preconceito. Nos vídeos, postados no facebook da vereadora e que circulam nas redes sociais, aparecem imagens do atual presidente Jair Bolsonaro, do qual ela é apoiadora, além da participação de duas jovens, que seriam menores de idade, cantando com a parlamentar. Na representação é solicitado que a Câmara abra processo disciplinar.
Num dos vídeos, as três cantam e dançam ao som de um funk, cuja letra diz: “As mina de direita são as top mais bela, enquanto as de esquerda tem mais pelo que cadela”. Já em outro vídeo cantam: “Ei, petista, pensou que ia escapar? Se liga, vagabundo, tu vai ter que trabalhar”.
Ainda na segunda-feira a vereadora retirou de seu perfil no facebook os vídeos que tinha gravado na Câmara. Mas eles continuam circulando nas redes sociais, com muita repercussão.
Camila, de 44 anos, foi eleita vereadora pela primeira vez em 2020 com 647 votos e neste ano concorreu à deputada estadual, mas não conseguiu se eleger ao fazer 6.819 votos.
Conselho de Ética
O presidente da Câmara, vereador Talis Ferreira (PP), declarou que a representação foi encaminhada para o departamento jurídico do legislativo e posteriormente para a Comissão de Ética. “Todas as ações feitas dentro dos gabinetes são de responsabilidade dos vereadores”, declarou Talis. “Não compactuo com algumas ações, como essa que ela vez nos vídeos, mas é de responsabilidade dela”, completa.
Talis disse que, logo que recebeu a representação, entrou em contato com a vereadora Camila, informando da denúncia e ela recebeu uma cópia. “Estamos fazendo todo o trâmite legal”, declara.
A Comissão de Ética Parlamentar é presidida pelo vereador Felipe Kinn (MDB), tendo a vereadora Ana Paula Machado (PTB) como relatora, mais como integrantes Valdeci Alves de Castro (Republicanos), Sérgio Souza (PSB) e Ari Müller (PP). “Vamos atuar da forma mais transparente possível”, declarou Felipe Kinn.
O Conselho de Ética tem dez dias úteis para emitir um parecer preliminar sobre o caso. Caso a representação seja aceita, a comissão terá 45 dias para ouvir a acusada e demais pessoas, além de análise do material. Depois é emitido o relatório, que será apreciado pelos demais integrantes do Conselho e ser votado em plenário. Entre as medidas disciplinares que podem ser tomadas estão censura, suspensão por até 30 dias e perda do mandato.
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