Euthymio Moraes morre aos 103 anos

Mesmo com a idade avançada, Euthymio Alves de Moraes gostava de participar dos bailes da terceira idade - Reprodução/FN

Euthymio Alves de Moraes completaria 104 anos no próximo dia 24 de fevereiro. Lamentavelmente ele veio a falecer na tarde de ontem, quinta-feira, dia 4, quando estava internado no Hospital Sagrada Família, de São Sebastião do Caí. Internado há vários dias,acabou não resistindo a uma parada cardíaca. O velório ocorreu na capela mortuária do Rio Branco e o sepultamento foi hoje pela manhã, sexta-feira, no cemitério do Chapadão.

Euthymio era bastante conhecido e estimado. Gostava de participar dos bailes de terceira idade, acompanhando o grupo Alegria de Viver, do Rio Branco, bairro onde residia. Mesmo com a idade bastante avançada e a dificuldade de locomoção, embarcava na lotação e ia animado para o bailão. Desde o ano passado andava meio triste, pois com a pandemia os bailes foram suspensos, impedindo uma de suas principais diversões, já que não podia ver os amigos e dançar. 

Uma história de vida

Moraes sempre se entusiasmava por poder falar aos mais jovens sobre um mundo do qual é um dos poucos a ter conhecido: o Vale do Caí nas décadas de 1920, 30 e 40. Ele nasceu em 24 de fevereiro de 1917, na localidade de Rio Branco. Era filho de Manoel Joaquim Alves de Moraes, proprietário de vasta área de terras situadas na Várzea do Rio Branco, localidade próxima ao Caí.

Euthymio era muito estimado pelos familiares e amigos
Arquivo Familiar

Na década de 1920, seu Manoel comprou mais uma área de terras no atual bairro Rio Branco, lugar mais alto, “para escapar das enchentes”. Essa propriedade incluía um armazém, situado no que é hoje o início da rua Adolfo Schenkel. A principal do bairro Rio Branco.

O mesmo prédio do armazém contava com dependências para a residência da família, que passou a morar ali. Manoel Joaquim pretendeu, com isso, facilitar o estudo dos filhos, já que havia uma escola bem perto desse armazém.

Na escola, a professora Theobaldina Rodrigues da Silva dava aulas em português, inclusive para os alunos de origem alemã. O menino Euthymio estudou até a quinta série do ensino fundamental, o que era muito para aquela época. A mãe de Euthymio cuidava do armazém apesar de ser analfabeta. Cabia ao menino auxiliá-la, fazendo as contas e as anotações necessárias.

Seu Euthymio poderia ter se dedicado ao comércio. Mas ele gostava mais de trabalhar na roça. Quando chegou à idade adulta, foi servir o exército em São Leopoldo, no 3° Grupo do 2° Regimento de Artilharia Mista. Era a fase de transição da artilharia transportada por tração animal (Artilharia de Dorso, palavra que deriva do dorso, costas dos animais que transportavam peças de artilharia como canhões) para a artilharia motorizada. Seu Euthymio, foi treinado para operar com os dois tipos de equipamento. No período em que ele esteve servindo no quartel de São Leopoldo, chegaram lá os primeiros veículos motorizados.

Ele foi para o quartel no ano de 1938 e deu baixa em 1939, quando tinha 22 anos.
Quando saiu do quartel, ele conseguiu emprego no órgão do governo estadual que cuidava da conservação e melhoria das vias navegáveis. Trabalhou por alguns anos no serviço de dragagem do rio Caí e também na operação da Barragem Rio Branco. Ele chegou a residir por alguns anos numa casa junto à barragem e lá conheceu sua esposa Maria Célia Teixeira de Moraes, filha de um outro trabalhador da barragem. Ela faleceu há cerca de dez anos, com a idade de 84 anos e seu Euthymio sentia muita falta da companheira de tantos anos. O casal era muito apegado.

Eles tiveram dez filhos: Flávia, Flávio, Fernando, Maria de Lurdes, Maria Regina, Maria Madalena, Maria Helena, João Luiz, Euthymio Moraes e Sérgio Adriano. Seu Euthymio tem 22 netos, 22 bisnetos e 2 trinetos.

Histórico: Renato Klein/Blog Histórias do Vale do Caí

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